Uma foto na parede mostra José de Magalhães Pinto (1909-1996), governador de Minas na década de 1960, como primeiro paraninfo da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Professora Nair Fortes Abu-Merhy (Fafi-Pronafor), de Além Paraíba, na Zona da Mata. Mas o retrato não é o único vínculo com o passado mantido pela instituição, ligada à Fundação Educacional de Além Paraíba (Feap). Na biblioteca, predominam livros desatualizados, como o de “Sciencias Physicas”, de 1929. Nas salas, giz e quadros verdes desbotados dividem espaços com carteiras quebradas, paredes descascadas e móveis encostados. E, nos laboratórios de informática, 10 computadores antigos e sem manutenção são a única opção para os 450 alunos de cinco cursos .
A faculdade, com mensalidade média de R$ 370, ficou com nota baixa (2) na última avaliação do Ministério da Educação (MEC), o IGC 2009. Mas, para espanto dos alunos, a infraestrutura física foi aprovada na visita in loco feita pela comissão de inspetores do órgão federal, com nota 3, numa escala de 1 a 5. “As condições são muitos precárias. O prédio é antigo e não passa por reforma há muitos anos”, reclama uma aluna de pedagogia.
A diretora da faculdade, Yone Fortes Binato, confirma as dificuldades de manutenção, mas lista ações adotadas para tentar melhorar a nota dos alunos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). “O prédio é da década de 1920 e não é fácil conservá-lo. Mas estamos atualizando a biblioteca, aposentando diários de papel e informatizando sistemas. Também fizemos mudanças no plano de ensino para melhorar a qualidade”, afirma.
Saúde
A alguns quarteirões, a Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro (Fac- Saúde Arthe), outra instituição mantida pela Feap, também dá sinais de descaso com a estrutura física e coleciona dezenas de reclamações de estudantes. Numa sala de aula do curso de fisioterapia, que não abre turma há dois anos por falta de procura, uma maca rasgada é evidência da falta de equipamentos denunciada por alunos. E nos laboratórios de anatomia, um único cadáver era disputado nas aulas até o início deste mês, quando mais um corpo passou a integrar a estrutura.
A coordenadora do curso, Marion de Souza Teixeira, simplifica o problema: “Nossa preocupação é suprir a necessidade da clientela local. Pessoas que não poderiam fazer faculdade em BH ou no Rio de Janeiro agora encontram opção em Além Paraíba. Estamos descobrindo nossas deficiências e propondo estratégias para nos adequar às exigências do MEC.”