Diene faz parte do grupo de 771 mil candidatos com mais de 30 anos que vai fazer as provas no sábado e no domingo em todo o país. Eles representam 14% do total de 5,3 milhões de inscritos e vão encarar o Enem ao lado de 2,07 milhões de adolescentes de até 18 anos; 820,5 mil com 19 e 20 anos; e 1,7 milhão na faixa etária dos 21 aos 30. “Acho meio estranho olhar para os lados e só ver a moçada com pique e energia para os estudos. Vivo isso todo dia na sala de aula e sei que incomoda um pouco. Mas tento pensar que a idade é apenas um detalhe que não interfere na minha capacidade de fazer bem a prova”, diz Diene.
Na reta final de preparação para o teste, ela conta com o apoio da mãe Cleuda Mainart, de 68. As duas são colegas de sala na Escola Estadual Professor Clóvis Salgado, no Conjunto Califórnia, Região Noroeste de Belo Horizonte, onde cursam o 3º ano do ensino médio noturno. Em cada momento livre em casa, no mesmo bairro, elas se dedicam juntas aos estudos. “Minha mãe me incentiva muito. Trabalho fora o dia todo e ainda tenho de cuidar da casa com três filhos e um neto. Tenho de brigar contra o cansaço para aprender, ainda mais depois de ficar 30 anos fora da escola e ter perdido muito o ritmo da sala de aula”, afirma.
No ano passado, Diene fez o Enem pela primeira vez “só para sentir a prova”. E, no fim de semana, vai se submeter de novo à avaliação, de olho numa vaga no curso de enfermagem. “Na minha juventude, larguei a escola para trabalhar porque não tinha dinheiro nem para comprar cadernos. Já fui empregada doméstica, babá e faxineira e cuido de idosos. Quero uma profissão melhor e uma história diferente para contar à família, em que quase todas são domésticas. Por isso, decidi voltar a estudar para ter um diploma e ser uma enfermeira”, planeja ela.
Certificação
Além de passaporte para a universidade, o Enem significa para Diene e todos os outros candidatos com mais de 18 anos a chance de obter o certificado de conclusão do ensino médio. Desde 2010, o Ministério da Educação a prova como critério para conceder o documento. Para isso, o aluno precisa atingir a pontuação mínima – 400 pontos em cada uma das quatro áreas de conhecimento e 500 na redação – e ter 18 anos completos na data da primeira prova. A emissão do certificado é de competência das secretarias estaduais de educação e, este ano, um total de 545,7 mil inscritos declararam interesse no documento. Em Minas, são 61,8 mil candidatos nessa situação, o que equivale a cerca de 10% do total de participantes do Enem no estado.
Mudança em locais da prova
Às vésperas da prova, 10 locais de foram alterados pelo Ministério da Educação (MEC). Em Minas, a mudança atinge 334 alunos de Além Paraíba, na Zona da Mata, que farão os testes em lugar diferente do informado no cartão de inscrição. Segundo o MEC, mais de 4,6 mil estudantes foram afetados pelas alterações no país e já foram avisados por e-mail e telefone. Os endereços dos 14 mil locais de prova no país podem ser consultados na internet (enem.inep.gov.br).
Em Além Paraíba, a mudança foi necessária por causa de um festival de motociclismo nas imediações da Escola Estadual Sebastião Cerqueira, no Bairro Ilha do Lazaredo. Os esttudantes que fariam prova no local foram realocados para o Colégio Além Paraíba (CAP), no Bairro São José. Segundo o chefe da Divisão de Ensino da Secretaria Municipal de Educação, Cleiton Tavares, as negociações com o MEC para garantir a mudança durou cerca de 15 dias.
“O evento previsto para o fim de semana na Ilha do Lazaredo está marcado há mais de um mês e só fomos informados da prova na escola há duas semanas. Isso gerou um impasse que deixou alunos e autoridades preocupados, pois o trânsito deve ficar intenso na região e o barulho deveria prejudicar os candidatos. Com isso, os estudantes se mobilizaram e fizeram um vídeo para ser divulgado nas redes sociais. A prefeitura se empenhou e estamos felizes com a mudança do local de prova”, explica Cleiton. Para evitar transtornos, a administração municipal vai deixar um ônibus de prontidão no antigo endereço.
No Brasil Em Manaus (AM), as chuvas destelharam três escolas e obrigaram o MEC a remanejar alunos para outras unidades. Em Humaitá (AM), os alunos foram realocados em função de danos de temporais. Em Cametá, no Pará, festa do padroeiro da cidade forçou a transferência da prova para outras salas de aula. Houve mudanças também no Distrito Federal, no Ceará e no Rio de Janeiro.
Serviço
– Dia 22, sábado: ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. Duração: quatro horas e trinta minutos.
– Dia 23, domingo: linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias. Duração: cinco horas e trinta minutos.
– Os portões de acesso serão abertos às 12h e fechados às 13h. Recomenda-se que todos os participantes compareçam ao local de realização das provas até as 12h, de acordo com o horário oficial de Brasília.