A poucos dias do início do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) informações desencontradas sobre a logística da prova podem colocar em risco a segurança do processo. Coordenadores de aplicação de diferentes locais do Brasil relataram três versões de como as provas sairão da guarda do Exército, onde estão protegidas à espera do exame, e chegarão às escolas para a aplicação. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep), responsável pela prova, nega divergências.
A reportagem ouviu nove coordenadores. Segundo o relato de uma professora que vai trabalhar na cidade pernambucana de Petrolina as provas serão retiradas da guarda do Exército pelos coordenadores no sábado, às 7 horas, e ficam sob a responsabilidade deles até as 10 horas, quando devem estar nas escolas.
“Os chamados ‘chefes de prédio’, responsáveis por coordenar a aplicação dos exames, estão autorizados a retirar todos os cadernos de perguntas que serão usados nas instituições em que vão trabalhar”, conta ela. “Daí em diante, o que cada um faz com as provas, se leva para casa, se deixa no carro, é responsabilidade dele.” São 38 chefes de prédio na cidade.
Foi no município pernambucano que, no ano passado, o vazamento do tema da redação do Enem foi apontado pela Polícia Federal. Dois professores da cidade de Remanso (BA) teriam tido acesso à prova e repassado informações ao filho, que fez o exame em Petrolina. O estudante teve a prova cancelada, mas como o Ministério da Educação considerou o vazamento um “evento isolado”, o exame foi validado.