Mais de 120 mil estudantes da rede federal de ensino estão sem aulas em Minas Gerais por causa da greve dos professores, deflagrada na quinta-feira por tempo indeterminado. No estado, apenas as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Itajubá (Unifei), no Sul, não aderiram à paralisação. Docentes do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG), que reúne cerca de 14 mil estudantes, também cruzaram os braços. O movimento, coordenado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), atinge pelo menos outros seis estados.
Em algumas instituições os professores estão em sala de aula, mas a expectativa é de que a maioria apenas finalize a semana. Caso da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na Zona da Mata, que em assembleia decidiu aderir à greve a partir de segunda-feira. Na Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro, a adesão foi decidida por unanimidade. Ontem, houve um ato simbólico para marcar o início do movimento e passeata da reitoria até o Centro da cidade. Segundo o professor Bruno Curcino, do comando de greve, o hospital universitário e serviços essenciais continuam funcionando normalmente.
Na Universidade Federal de Alfenas (Unifal), a expectativa é pela decisão da federação nacional dos técnicos, que avalia se vai ou não decretar greve. De acordo com o reitor, Paulo Márcio de Faria e Silva, ainda não é possível saber quantos profissionais estão parados.
O Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh), que representa a UFMG, não cogita aderir à paralisação. De acordo com o presidente da entidade, José de Siqueira, a Apubh preferiu aguardar o prazo pedido pelo governo federal, dia 31, para a discussão de carreiras. “Não vejo sentido propor uma greve 14 dias antes do prazo”, disse.
Ansiedade
Entre os alunos, o medo de que a greve se arraste por meses a fio já toma conta. Aluna do 7º período de jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Biança Damas Pereira, de 20 anos, conta que terá uma única prova hoje. “Para os alunos é muito complicado, principalmente para quem está no fim do curso. Não sei quando vou conseguir formar se a greve demorar demais”, diz.
Estudante de engenharia de produção civil do do Cefet, em Belo Horizonte, Anna Clara Martins de Pinho Carvalho, de 19, também aguarda o desenrolar dos fatos. Ontem, muitas salas ficaram vazias à noite. “Alguns professores estão com medo de continuar em sala e o sindicato aparecer e obrigá-los a interromper a aula, gerando um constrangimento grande para todos”, conta.
Negociações
O Ministério da Educação (MEC) informou, por meio de nota, que as negociações salariais com a Andes começaram em agosto, quando foi acertado reajuste de 4% a partir de março deste ano. Acrescentou que na sexta-feira o projeto de lei que assegurava o aumento foi transformado em medida provisória para acelerar o processo. Já a aplicação do plano de carreira dos professores e funcionários está prevista somente para o ano que vem. Ainda segundo a nota, as negociações com o Ministério do Planejamento e as representações sindicais seguem abertas.