Vestibular da Universidade Federal de Uberlândia é cancelado por causa de fraude

O vestibular do segundo semestre da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Minero, foi cancelado por causa do vazamento de questões da primeira e segunda etapas do processo seletivo. Segundo a assessoria da UFU, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou uma fraude e a Polícia Federal (PF) foi acionada. Com apoio técnico da universidade, uma investigação confirmou o esquema de violação da prova feito por uma candidata e um funcionário da instituição.

De acordo com o reitor Alfredo Júlio Fernandes Neto, um cursinho pré-vestibular da cidade desconfiou da atitude de uma aluna, que iria concorrer a uma vaga para Medicina. Durante o curso intensivo, a estudante frequentava plantões e fazia perguntas muito direcionadas aos professores de cada disciplina. Os educadores anotavam as dúvidas para ajudar a aluna a resolver.

Após realização da primeira etapa, a equipe do cursinho notou que as questões levadas pela candidata antes do concurso eram muito parecidas com a prova aplicada. Sob desconfiança dos professores, a mulher passou para a segunda etapa.

Os professores levaram esse denúncia ao MPF, que repassou à polícia. Ontem, após realização das provas de Biologia, Física, Geografia, História, Língua Estrangeira (Espanhol, Francês ou Inglês) e Redação da segunda etapa, a desconfiança ficou ainda mais forte.

De acordo com o reitor, às 22h de sábado, a direção da UFU recebeu a informação sobre a investigação. Os responsáveis pelo vestibular se juntaram com a equipe da PF e foram até a casa desta candidata, munidos de mandado de prisão, busca e apreensão.

A mulher confessou a fraude. Ela contou com a ajuda de um funcionário do administrativo da UFU, que passou as questões antecipadamente. A candidata teve acesso à perguntas de disciplinas diferentes. Segundo Alfredo Neto, esse empregado trabalha na universidade há quase 30 anos e era uma pessoa “acima de qualquer suspeita”. “Foi um momento de bobeira”, lamenta o reitor.

O funcionário não foi encontrado pela polícia. A candidata foi ouvida mas não deve permanecer presa porque está colaborando com a investigação, tem residência fixa em Uberlândia e trabalha com carteira assinada na cidade. Segundo o reitor a mulher é ex-estudante da UFU, já fez outro curso no câmpus, mas desistiu. A polícia vai investigar a relação dela com o funcionário, mas tudo indica que não há parentesco entre eles.

O reitor ressaltou que trata-se de um caso isolado. “Não é um esquema nacional, internacional ou qualquer outra coisa. Ela contou que estavam envolvidos somente ela e o funcionário”, afirma Alfredo Neto.

“Lamento muito o que aconteceu. A gente explica mas não justifica. Infelizmente foi uma falha humana”, afirma o reitor. A Diretoria de Processos Seletivos (DIRPS/UFU) divulgará nos próximos dias um novo edital que garantirá a inscrição de todos candidatos que participariam do processo seletivo. Alfredo Neto afirmou que a data da nova prova não vai coincidir com outros vestibulares para não prejudicar nenhum dos 15 mil vestibulandos.

Este domingo seriam aplicadas as questões de Filosofia, Língua Portuguesa, Literatura, Matemática, Química e Sociologia. As provas seriam feitas nas cidades de Monte Carmelo, Patos de Minas, Ituiutaba e Uberlândia. Tudo estava planejado para o concurso começar às 13h30, porém o reitor anunciou pela manhã o cancelamento.