Os estudantes aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) têm do dia 29 até 9 de julho para fazer matrícula nas instituições federais de ensino superior. O resultado dos selecionados para mais de 30 mil vagas em todo o país foi divulgado nessa segunda-feira pelo Ministério da Educação. Em Minas, são oferecidas 4.082 cadeiras em cinco universidades, no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG) e em cinco institutos federais. A mais concorrida é a Federal de Ouro Preto (Ufop), na Região Central do estado. Foram 60.136 inscrições para 1.364 vagas.
O resultado da segunda chamada será divulgado dia 13 do mês que vem, com matrículas nos dias 17 e 18. Quem não for aprovado nas duas primeiras chamadas terá a chance de se inscrever na lista de espera. A adesão deve ser feita entre 13 e 19 de julho. A convocação será feita a partir do dia 24. Para participar do Sisu, os candidatos precisavam ter feito o Enem 2011 e ter nota maior do que zero na redação. Segundo o MEC, algumas instituições adotam notas mínimas para inscrição em alguns cursos.
Estudante de um pré-vestibular da capital, Bernardo Ávila Maia, de 18 anos, se inscreveu no Sisu pela segunda vez e, agora, foi aprovado em medicina na Ufop. Ele está disposto a se mudar para Ouro Preto e vai esperar apenas as greves das universidades acabarem para se desligar do cursinho. “Pretendo fazer UFMG no fim do ano, mas, na pior das hipóteses, não farei mais cursinho ano que vem”, brinca. “Esse é um processo bem mais cômodo, de poder competir em várias instituições com um único resultado”, avalia.
AÇÃO Mas o sistema de seleção já é alvo do Ministério Público Federal do Ceará, que entrou com ação civil pública pedindo anulação do processo do segundo semestre. Na avaliação do procurador da República Oscar Costa Filho, a realização de uma nova seleção prejudica candidatos que já estavam inscritos no Sisu e a possibilidade de alunos matriculados concorrerem novamente pode estar favorecendo um esquema de comercialização de vagas em universidades. “Se há novas vagas, elas deveriam ser preenchidas por candidatos que estavam inscritos no primeiro Sisu e obedecendo à ordem de classificação”, afirmou o procurador. Segundo ele, a participação de estudantes contemplados anteriormente com vagas fere a isonomia entre os candidatos e desconsidera a ordem de classificação consolidada no Sisu do início do ano.
Costa Filho acrescenta que a manutenção da regra pode ainda favorecer o esquema de comercialização de vagas alvo de investigação do MPF. Alunos estariam abandonando cursos, deixando vagas ociosas, com o objetivo de beneficiar terceiros que não fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou ficaram mal classificados no Sisu. Foram instaurados dois procedimentos administrativos para investigar a suposta fraude. O órgão quer elucidar a ocupação de 17 vagas no curso de medicina da Universidade Federal no Ceará (UFC) por estudantes transferidos de outras instituições ou beneficiados por decisões judiciais. Casos semelhantes também foram denunciados na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).