O tribunal está formado. Defesa e acusação lançam suas teses. Dois países disparam argumentos, na tentativa de convencer os juízes. Na teoria, o cenário das discussões é a Corte Internacional de Justiça, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), em Haia, na Holanda. Mas, na prática, tudo é fictício e, no comando da oratória, estão estudantes de direito do mundo inteiro, disputando a maior competição de direito internacional, a Jessup, uma simulação do júri internacional. No fim deste mês, cinco alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de Belo Horizonte, embarcam para Washington, nos Estados Unidos. Eles vão representar o Brasil e tentar um título inédito.
Alice Lopes Fabris, de 22 anos, Bernardo Mageste Castelar Campos, de 20, Bruno de Oliveira Biazatti, de 21, Fabiana Luíza Rodrigues Sales, de 23, e Mariana Ferolla Vallandro do Valle, de 18, foram os campeões da etapa nacional e, assim, garantiram a vaga, em competição na Universidade Católica de Salvador (Ucsal). Depois de desbancar alunos de 11 instituições, eles têm a missão de deixar para trás estudantes de mais de 80 países e de 500 universidades. Para Mariana, responsabilidade dupla: repetir na América do Norte o feito em Salvador, onde se destacou também como a melhor oradora. Alice ficou com a segunda colocação.
O grupo não tem medo dos desafios. Estudou para valer desde setembro o tema proposto pela organização, a Associação Internacional de Estudantes de Direito. Neste ano, grupos formados por dois a cinco alunos devem simular o embate entre uma ilha, um país em desenvolvimento que afundou depois de um desastre natural, e uma nação rica, escolhida como o novo lar por parte da população do lugar dizimado. Entre as questões discutidas está o tratamento recebido por essas pessoas num centro de detenção, a transferência desse povo para um terceiro Estado com histórico de violação de direitos humanos e a dívida da ilha com o país rico, que confiscou seus bens.
Como parte da tarefa, os estudantes devem apresentar sustentação jurídica escrita e defesa oral. Ganha quem elencar os melhores fundamentos da forma mais bem elaborada. Detalhe: em inglês.
O quinteto campeão faz parte na UFMG do Grupo de Estudos em Direito Internacional. De olho no que vem pela frente, eles acreditam que a disputa é oportunidade para quem vai seguir a área e uma espécie de “caça talentos”. Os juízes não são magistrados de verdade. Em Salvador, por exemplo, faziam parte um deputado e um representante do Departamento de Justiça dos EUA, professores da universidade anfitriã e alunos e ex-alunos da UFMG.
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compete todos os anos e ganhou sete vezes a etapa nacional. Em Washington, foi a segunda instituição brasileira a chegar mais perto do pódio – 23º lugar. A que mais se destacou até hoje foi a Faculdades Integradas do Oeste de Minas, em sexto. Para ir tão longe, o grupo está agora à procura de patrocínio. Tem as passagens nacionais. Faltam os bilhetes internacionais.