Os troféus sobre os armários em uma das salas do Centro de Estudos Aeroespaciais (CEA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram o brilhantismo e a dedicação de alunos que carregam o espírito da vitória. São pelo menos 15 premiações colecionadas ao longo dos últimos seis anos, fruto de competições nacionais e internacionais. Mas qual é a fórmula de tanto sucesso? Para esses gênios ainda tão jovens, com idades, entre 18 e 23 anos, o segredo está no esforço diário em aliar o conhecimento acadêmico à prática profissional. Tarefa tão importante que leva o nome da UFMG para todos os cantos do mundo e abre portas para o mercado de trabalho após a conclusão do curso. Praticamente 100% dos alunos que participam das competições são contratados depois da formatura.
O último prêmio foi conquistado na semana passada. Com o projeto da aeronave CEA 312, quatro alunos do CEA venceram a disputa promovida pela fabricante de motores aeronáuticos Price-Induction, da França. Deixaram para trás 74 projetos de diferentes nacionalidade. Entre os 11 finalistas competiram com trabalhos norte-americanos, ingleses e de instituições das Filipinas, e foram escolhidos por um corpo de jurados formado por especialistas internacionais em inovação aeroespacial. No mês que vem, os estudantes Julliardy Matoso e Letícia Soares, de engenharia aeroespacial, e Matheus Vinti e Sérgio Lúcio Lopes, de engenharia mecânica, viajam a Paris, onde vão apresentar o projeto na feira Le Bourget. Em março, um grupo de nove alunos conquistou o primeiro lugar na competição SAE Aero Design East no país e no exterior, com o desenvolvimento de um protótipo de avião. A premiação foi na cidade de Forth Worth, no Texas (EUA). A turma teve como adversários alunos norte-americanos, canadenses, indianos, poloneses, mexicanos, venezuelanos e italianos.
À frente dos estudantes, o coordenador do CEA e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, Paulo Henriques Iscold, orgulha-se das conquistas. O sucesso dos mineiros, segundo ele, mostra que o Brasil tem a mesma competência e potencial de outros países para participar das competições. “Essas premiações fazem os alunos acreditarem no potencial que têm e dão oportunidade a eles de superar dificuldades culturais de que o Brasil não tem capacidade para vencer”, diz. Paulo afirma ainda que os prêmios são um incentivo à turma que trabalha muito e acredita no que faz. “É o resultado de muita persistência e trabalho duro. Esses alunos não se inscrevem nas disputas apenas para competir. Entram para ganhar”, diz.
Depois de formados, os futuros engenheiros podem continuar as pesquisas no CEA ou seguir para o mercado de trabalho na iniciativa privada ou pública. Mas segundo Paulo Iscold, está sendo cada vez mais complicado manter os aluno no CEA. “Está difícil segurar esses alunos aqui para a pós-graduação ou o mestrado. Como saem bem preparados da universidade, são visados por grandes empresas para trabalhar no desenvolvimento de projetos de aviões”, explicou o coordenador.
Extensão De acordo com a vice-reitora da UFMG, a conquista de um título internacional é um coroamento do trabalho da universidade. “Há todo um investimento no ensino e na extensão dentro da UFMG que incentiva os alunos, ainda tão jovens, ao desenvolvimento da pesquisa”, ressalta. A instituição colhe os louros de ter seu nome divulgado na comunidade acadêmica internacional. Esse reconhecimento soma pontos que são computados para fins de classificação da universidade no Brasil e também internacionalmente. “Todas as premiações que envolvem pesquisas da universidade se traduzem em repercussão local e também fora do país”, destaca. A UFMG também soma títulos nas mais diversas áreas de ensino e desde 2007 figura no Ranking Acadêmico das Universidades de Classe Mundial (ARWU, na sigla em inglês). No ano passado, ficou em segundo lugar na classificação.