Brasília – Eleita para presidir a União Nacional dos Estudantes (UNE) pelos próximos dois anos, a estudante de letras da Universidade de São Paulo (USP) Virgínia Barros disse que sua gestão será marcada pela autonomia em relação a governos, partidos políticos e universidades sem, no entanto, fechar o diálogo com esses setores.
"A UNE tem uma postura de autonomia, diálogo, pressão e cobrança em relação aos governos federal, estaduais, reitorias, empresas, partidos e manterá essa postura, mas claro que estamos abertos ao diálogo porque foram muitas as conquistas que conseguimos obter na educação brasileira nos últimos anos", disse. A presidente e a nova diretoria foram eleitas no 53° Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) que terminou nesse domingo (2), em Goiânia (GO).
Entre as prioridades apontadas pela presidente da UNE para os próximos dois anos está a defesa do investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, em discussão no Congresso Nacional. Para ampliar a mobilização em torno do tema, a UNE convocou a Jornada Nacional de Lutas que deverá ser marcada por passeatas e manifestações até agosto.
Virgínia disse que a UNE é contrária à entrada de capital estrangeiro para aquisição de instituições de ensino superior. Ela avalia que essa situação resulta na precarização da infraestrutura das instituições e da qualidade do ensino. "Do nosso ponto de vista, para maximizar os lucros, as empresas estrangeiras que compram as instituições de educação baixam a qualidade e, por uma questão de soberania, não podemos ter nossa educação dominada por interesses estrangeiros", pontua.
Natural de Garanhuns (PE), Vic, como é chamada a nova presidente, tem 27 anos e é formada em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela diz conhecer a realidade da educação no Nordeste e defende o equilíbrio dos investimentos entre as regiões do país para combater as desigualdades.
"Combater as desigualdades regionais do nosso país passa por equilibrar o investimento em educação em todas as regiões. Não é à toa que o Norte e o Nordeste têm o pior Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] do país. Não é à toa que o acesso à universidade nessas regiões é mais restrito à juventude de 18 a 24 anos. Discutir o desequilíbrio na distribuição de recursos para a educação no nosso país é uma demanda que se faz necessária para garantir uma educação de qualidade para todos", diz Virgínia.