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Estado de Minas

Enem 2013 promete tolerância zero para os erros ortográficos

Para tentar evitar problemas no que será o maior vestibular da história do país, Inep dobra tempo de treinamento de profissionais que vão corrigir redações e confirma uso de lacres eletrônicos em todos os malotes com as provas


postado em 23/07/2013 06:00 / atualizado em 23/07/2013 06:58

A pouco mais de três meses das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que serão aplicadas nos dias 26 e 27 de outubro, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização do concurso, confirmou ao Estado de Minas que fechará com lacre eletrônico todos os cerca de 60 mil malotes em que serão transportadas as avaliações. A medida busca evitar vazamentos, já que os dispositivos registram o horário em que os pacotes são lacrados na gráfica e, depois, a hora em que são abertos no local do exame. Em outra frente, o Inep decidiu duplicar o tempo de treinamento de profissionais que vão avaliar redações, na tentativa de evitar novos problemas de correção.

O uso dos lacres é uma tentativa de reforçar a segurança no ano em que há maior número de inscritos na história do Enem, aplicado desde 1998. Os 7.173.574 candidatos representam aumento de 24% em relação a 2012. Em 2009, quando houve 4,1 milhões de participantes, uma das provas foi furtada e seu conteúdo vazou às vésperas de sua aplicação, o que fez o exame ser adiado por dois meses. Em 2011, 14 questões vazaram para estudantes de um colégio particular de Fortaleza (CE), copiadas de dois cadernos de um pré-teste aplicado na mesma escola em 2010. As questões foram cobradas na avaliação de 2011, mas o exame não foi cancelado, como pediam especialistas e parte dos candidatos.

O Inep investiu cerca de R$ 11,220 milhões na compra de 60 mil lacres, cada um ao custo aproximado de R$ 187. O dispositivo pode ser utilizado por até 15 vezes e tem vida útil de cinco anos, segundo informações do instituto. Em maio, o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, anunciou que estudava a possibilidade de os objetos serem usados em todos os malotes. Eles foram empregados pela primeira vez no ano passado, quando foi instalado em 10 mil malotes, menos de um quarto do total. “Em 2012, ele funcionaram muito bem, não houve qualquer problema”, observa Costa.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aderiu neste ano ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que seleciona candidatos para instituições públicas de ensino superior com base somente na pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Até o ano passado, a UFMG usava o resultado do exame apenas na primeira fase e aplicava o vestibular na segunda.

Redação Além de problemas com vazamentos de provas, o Enem foi criticado também por causa de notas atribuídas a redações. Em 2012, algumas delas ganharam nota máxima mesmo tendo repetidos erros de gramática. Outras, com trechos que não tinham nada a ver com o tema e o restante do texto receberam ao menos 500 pontos, de um total de 1 mil. Para evitar que casos como esses se repitam, além dos novos critérios de correção divulgados em maio pelo Ministério da Educação (MEC), o Inep informou ao EM que duplicou o tempo de treinamento dos avaliadores, saltando de 100 para 200 horas neste ano.

Cerca de 8,4 mil profissionais devem trabalhar na avaliação dos textos, 21,4% a mais que os 6,6 mil empregados no ano passado. Em torno de 70% deles têm doutorado, mestrado ou especialização, segundo o presidente do instituto. O valor pago por cada redação aumentou de R$ 2,35 para R$ 3. “É o maior valor pago no Brasil”, diz Costa.

Os corretores também serão testados durante a correção dos textos. Em cada pacote de provas a ser entregue ao profissional haverá uma redação já corrigida por uma banca examinadora composta por três avaliadores. “Se a nota atribuída por ele divergir muito da pontuação dada pela banca, nenhuma das correções dele serão aceitas. Se cometer o mesmo erro mais uma vez, será dispensado”, informa Costa.

No ano passado, as notas atribuídas por dois corretores a uma mesma redação podiam diferir em até 200 pontos. O edital do Enem deste ano baixa o teto para 100 pontos e fixa em 80 pontos a diferença que pode haver nas notas dadas a alguma das cinco competências avaliadas – cada uma vale até 200 pontos. Se a diferença exceder esses limites, ocorre o que o edital chama de “discrepância” e a redação deve ser corrigida por mais uma pessoa. Por fim, se não houver discrepância entre a terceira nota e as duas anteriores, ela é somada à mais próxima e a nota final resulta da média aritmética. Porém, caso a discrepância persista, a nota final é dada por uma banca de corretores independentes. Nas vezes em que o profissional der nota máxima (1 mil), precisará justificar sua decisão.

Melhorar texto vira prioridade


Muitos candidatos a uma vaga na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão preocupados com os critérios mais rigorosos de correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Ministério da Educação anunciou em maio que erros ortográficos só serão aceitos como excepcionais e sem reincidência, mudança motivada pelo casos de redações que ganharam nota máxima mesmo tendo deslizes de ortografia, acentuação, concordância verbal e pontuação. Além disso, redações com gracejos permeando o texto, como as que em 2012 tinham receita de macarrão e trecho do hino do Palmeiras, serão anuladas – as duas receberam, respectivamente, 500 e 560 pontos, de um total de 1 mil.

Natiele moreira, de 18 anos, vai tentar vaga em biomedicina na UFMG:
Natiele moreira, de 18 anos, vai tentar vaga em biomedicina na UFMG: "nunca treinamos tanto redação quanto agora" (foto: Cristina Horta/EM/D.A PRESS)
“Nunca treinamos tanto redação quanto agora. Esse rigor maior nos deixa mais preocupados”, diz Natiele Moreira, de 18 anos, que estuda em um cursinho preparatório e deseja cursar biomedicina na UFMG. Ela lembra que no Enem do ano passado seu texto recebeu “600 e poucos” pontos. “Não escrevo bem. Tenho dificuldade em ordenar as ideias e sempre rola dúvida sobre como se escreve uma palavra, se é com ss ou com cedilha, com x ou ch”, admite. O colega Vinícius Silva Soares, de 19, também fica apreensivo com as novas regras. “Isso preocupa bastante. No ano passado, minha redação foi ruim, tirei menos de 600. Passei a ler mais”, conta ele, que quer cursar medicina ou biomedicina. Andréia Teixeira, de 17, tirou 750 na redação em 2012. “Tenho facilidade para escrever, mas tenho medo de na hora dar um branco”, diz a moça, futura aluna de odontologia.

 

Superconcurso

7,17 milhões

número de inscritos no Enem 2013, a ser realizado em 26 e 27 de outubro

24%
aumento de estudantes inscritos no concurso em comparação com 2012

7,17 milhões

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