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Estado de Minas

Enem 2013: chegou a hora dos pais

A 10 dias das provas, família se une para evitar os exageros e dar tranquilidade aos candidatos


postado em 17/10/2013 06:00 / atualizado em 17/10/2013 07:24

Na preparação para o seu segundo exame nacional, Rayanne, candidata a uma vaga de medicina, conta com a ajuda da mãe, Maria Mônica Gomes, para controlar a ansiedade(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Na preparação para o seu segundo exame nacional, Rayanne, candidata a uma vaga de medicina, conta com a ajuda da mãe, Maria Mônica Gomes, para controlar a ansiedade (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Este será o segundo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) da dona de casa Maria Mônica Gonçalves Dantas Gomes, de 51 anos. Torcendo pela filha Rayanne, de 19, que tenta uma vaga no curso de medicina, Maria Mônica aprendeu a controlar a ansiedade. Faz do marido seu confidente, troca experiências com outras mães de vestibulandos e se segura para não transparecer o nervosismo.


Rayanne sempre foi muito estudiosa e se cobrava bastante. Durante todo o ano, não largou os livros e pouco saía de casa, apesar dos estímulos da mãe de que ela precisava relaxar. Maria Mônica sofreu muito quando a jovem conferiu o gabarito do último Enem aos prantos, decepcionada com o resultado. E resolveu ajudar: comprou uma revista de atualidades, leu todas as redações da filha e arguiu as fórmulas químicas, para que Rayanne se sentisse segura, com tudo na ponta da língua.

Um comportamento ela mudou. “Quando eu entrava no quarto para falar com ela, ela ficara irritada, achando que eu a desconcentrava. Agora, ela me pergunta se tenho alguma coisa para conversar antes de ir estudar. E qualquer coisa eu deixo recados para falar depois”, diz Maria Mônica. A tática vem dando certo e Rayanne está tranquila, às vésperas do seu segundo Enem. “Isso tem me deixado calma também”, diz a mãe, que procura estimular lanches em família e passeio com as amigas. “Fiz a matrícula dela na academia e vejo que ela está mais disposta e alegre. Tem até saído aos sábados à noite, gosta de fazer brigadeiro e bolo de chocolate aos domingos e na semana passada foi com a gente para Lagoa Santa. Levou os livros, mas conseguiu descansar.”

SEM BALADA A rotina regrada favorece as revisões do conteúdo e o lazer. Rayanne sai cedo para o cursinho e, depois do lanche com os pais e a irmã,  ainda estuda até as 22h. Especialistas dizem que o melhor, nesta reta final, é eleger alguns pontos importantes e relaxar. “A parte do estudo que agrega conhecimento já foi vencida. Os pais devem monitorar os estudantes, observando a alimentação saudável e leve, o repouso, o bem-estar físico e mental”, afirma Guilherme José Barbosa, pedagogo e consultor educacional. “Vale chamar para atividades lúdicas , culturais e esportivas, exceto aquelas de muita disputa ou competitividade, que pode deixá-los mais estressados”, sugere.

Para o especialista, os pais devem proibir a balada e alertar para os riscos da bebida alcoólica neste momento. Ele diz que os exageros podem interferir na concentração e no cansaço. “Grandes agitos causam desgaste físico e mental. Então, acho que devem estar fora dessas últimas semanas”, pontua.

Segundo ele, os pais devem estar mais próximos, mantendo um clima positivo. “É hora de ouvi-los, de conversar sobre as dificuldades, estimular o encontro do grupo de amigos, já que todos estão no mesmo barco, e discutir superação”, acredita o especialista.

RELAXAMENTO A professora Soraia Anderson Dias de Souza, de 47, mora em Muzambinho, no Sul de Minas, mas passa uns dias com a filha Daniela, de 17, antes do Enem. A menina vai tentar medicina e está muito nervosa e irritada. “A cobrança é muito grande. Ela estuda sem parar e tenho tentado tranquilizá-la, dizendo que ainda é nova, que se não passar pode tentar de novo no ano que vem, que não vai existir só estsa vez.”

Soraia diz que cansou de pedir que a filha não descuidasse dos passeios e momentos de lazer. Mas, no feriado do Dia do Professor, Daniela assistiu a um plantão de oito horas de aulas sobre o conteúdo de física. “Chamo para tomar um sorvete, dar uma volta no shopping, mas ela não relaxa”, conta a mãe, que está programando chamar as amigas da filha para uma pizza no fim de semana. “No sábado passado elas se encontraram. Daniela achou ruim e não queria ir, mas quando voltou estava mais feliz e aliviada.”

Na casa da aposentada Marinete Macário dos Santos, de 47, a ordem é medir o tempo para não deixar Natália, de 17, exagerar na reta final. O som da sala toca sempre músicas calmas e, à noite, os pais a chamam para ver televisão. “Tem sempre aquela dúvida que fica martelando e, se deixar, ela não para de estudar.” Por causa disso, a mãe interrompe para lembrar a hora do lanche e diz a hora de encerrar.

Ontem, por exemplo, as duas foram lanchar no shopping. “Ela está muito tensa”, percebe Marinete. A irmã mais velha também foi uma boa aliada, sugerindo testes vocacionais e separando informações sobre os cursos de interesse. Natália ainda está em dúvidas se faz psicologia ou direito ambiental.


ALUNO PERGUNTA: Como a física é cobrada no Enem? Qual deve ser o foco dos estudos?
Guilherme Zica, de 17 anos, candidato ao curso de direito

PROFESSOR RESPONDE
O Enem baseia-se em cinco eixos cognitivos: dominar linguagens, compreender fenômenos, enfrentar situações-problema, construir argumentação e elaborar propostas. Assim, o item normalmente traz uma informação que seja pertinente à resolução da questão ou que contextualize o que será tratado. De posse dessa informação, que poderá se apresentar sob as mais diversas formas (textos, gráficos, tabelas), o candidato deve observar atentamente o que está sendo pedido. Muitas vezes, o candidato se confunde entre as colocações do enunciado da questão, respondendo algo pertinente ao ponto de vista científico, mas que foge ao questionamento do item. No caso da física, é importante que o candidato saiba principalmente diferenciar formas de energia, conversão e geração. O entendimento de como funciona o processo em uma usina de geração de energia ajuda. O conhecimento básico de como funcionam equipamentos elétricos como chuveiros e lâmpadas é relevante. Além disso, saber calcular o consumo de energia, e como economizá-la, e a potência desses dispositivos. Importante também saber diferenciar os principais fenômenos ondulatórios como reflexão, refração, difração e interferência, suas aplicações e o uso da equação v=lf.
Marcos Guimarães Rodrigues, professor de física do Colégio e Pré-Vestibular Bernoulli


PALAVRA DE ESPECIALISTA: JANE PATRÍCIA HADDAD, PSICOPEDAGOGA

O momento é de descanso
“Tudo o que tinha que ser feito para assimilar conteúdo ficou para trás. O momento deve ser de estímulo a hábitos saudáveis, descanso e tranquilidade. Os pais ficam mais ansiosos que os alunos, mas são eles que devem esclarecer que essa é a primeira pressão de muitas. Eles devem abrir espaço para que os estudantes falem de suas inseguranças e dificuldades, e precisam estimular o que eles têm de melhor. Boa dica é evitar brigas e comunicar decisões que possam trazer muita mudança. Os pais devem estar juntos, propor passeios, programas tranquilos, podem ajudar a reunir a documentação e a escolher a melhor rota até o local de prova, para evitar imprevistos. As tarefas rotineiras podem ser mantidas, até para que eles façam outras coisas em casa, que não só estudar.”


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