O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que vem se consolidando como porta de entrada para instituições de ensino superior do Brasil, não teve surpresas nem questões polêmicas. Apesar de extensos, os cadernos de Ciências Humanas e Ciências da Natureza priorizaram um conteúdo bem elaborado, claro e interdisciplinar. Com enunciados menores e sem pegadinhas e questões polêmicas, a prova de 2013 reafirmou a tendência de testes que, apesar de extensos, prezam pela objetividade.
De acordo com os professores do cursinho pré-vestibular Chromos, que tiveram acesso à prova e conversaram com a reportagem do EM.com.br, o teste vem melhorando ano após ano, com questões que abordam temas do ensino médio mas não deixam de lado conteúdos tradicionais dos vestibulares.
Para a professora de Biologia Pollyana Fantini Miranda, a prova estava dentro do esperado. “É uma prova grande, que cansa, mas nada que fugiu do previsto. O aluno preparado fez o teste com tranquilidade”, afirma. “Os enunciados foram objetivos e pertinentes ao comando. Aquela história de que o Enem é só interpretação de texto já caiu e não existe mais. Dizer que o Enem é interpretação e que é ‘facinha’ é não conhecer o teste – ele exige um conhecimento prévio, sim”, completa.
Para Pollyana, foi fácil identificar a matéria de cada questão e todas as áreas do conhecimento foram abordadas no caderno de Ciências da Natureza. “Os tópicos estavam bem definidos, o candidato sabia o que estava sendo cobrado dele”.
O professor de geografia Leonardo Caetano Miranda concorda com a colega. “A cobrança do conhecimento foi bem dividida e equilibrada e não ficou focada em temas específicos”, avalia. “O nível de dificuldade foi aceitável e dentro do previsto em sala de aula ao longo do ano”, diz o professor.
Para ele, o caderno de Ciências Humanas foi mais bem elaborado este ano, apesar de algumas questões que cobravam uma maior atenção do candidato. “No ano anterior, havia questões confusas. Este ano não, a prova foi mais objetiva. Foi uma boa evolução. Os enunciados não estão grandes e isso ajudou muito o candidato”. Miranda também pontua a proximidade do Enem com o vestibular. “É uma prova sucinta e, ao mesmo tempo objetiva, que não deixou de abordar o conteúdo. É uma melhora para o modelo”.
Rodrigo Martelli, professor de História, elogiou a aliança entre a interpretação de texto e a utilização de conteúdos prévios na prova de humanas - o que segundo ele está sendo uma tendência do Enem ao longo dos anos. “Hoje o aluno tem que interpretar o texto e também conteúdo. Tivemos questões interpretativas sim, mas o conhecimento prévio não foi negligenciado”.
Para o professor de física Marco Aurélio da Fonseca, a banca foi feliz em elaborar uma prova sem grandes surpresas. “Estava tudo dentro do contexto. Não houve questão que gerasse polêmica. Foi uma prova bem feita, desta vez não temos o direito de contestarmos questões”, afirma.
O candidato que foi ao primeiro dia de provas preparado não teve problemas, afirma o professor de química Guilherme Henrique de Oliveira “Não estava uma prova trivial, mas, para o candidato que estudou, foi um teste que pôde ser feito com tranquilidade”. “Vemos hoje a tendência de mais conteúdos e menos fórmulas, pouco 'pé de página'. A prova do Enem está se consolidando, vemos o seu perfil cada vez mais esclarecido” conclui.