Obter a certificação do ensino médio é o objetivo de 77% das pessoas privadas de liberdade que fazem hoje as provas de linguagens, códigos, matemática e de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo o país. Esse é caso do detento F.S.A., de 35 anos, que faz a prova no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. A certificação, segundo ele, é apenas o primeiro passo para no futuro buscar um curso superior.
“Com o certificado de segundo grau na mão posso lutar por uma vaga em uma faculdade. O Enem hoje em dia é a porta de entrada para uma faculdade e não posso perder a oportunidade”, conta ele que abandonou a escola no 2° ano do ensino fundamental, retomou os estudos no presídio e este ano pretende concluir o ensino médio.
A preparação para a prova do Enem vai além das aulas regulares no presídio. F.S.A. conta que alguns detentos formaram grupos de estudos nas celas e aproveitam também os horários de banho de sol e de visitas para estudar. “Tem sempre alunos com os mesmos interesses e ai nos juntamos. Às vezes um é bom em matemática, outro em português ai, um ensina o outro e facilita um pouco”, relata.
A intenção de F.S.A. é cursar o ensino superior quando passar para o regime semiaberto o que, segundo ele, deve ocorrer em pouco menos de dois anos. Cursos ligados à área de informática e o curso de sociologia são os preferidos.
Os detentos podem cursar o ensino superior de forma presencial quando cumprem pena em regime semiaberto ou de forma indireta, quando, mediante a autorização de um juiz, o interno tem acesso às gravações das aulas.
Na Papuda, 251 presos fazem a prova do Enem. Professores, policiais e familiares fazem a divulgação do exame aos detentos. O exame é aplicado também em unidade onde jovens cumprem medidas socioeducativas. Em todo o país foram 30.341 pessoas privadas de liberdade inscritas. Nesta edição do Enem, o número total de inscritos privados de liberdade aumentou 28,2% em relação ao ano passado.