Lançado em 2006 pela Fundação AcelorMittal Brasil, em parceria com a ONG Junior Achievement, o programa Empreendedorismo juvenil, cujo objetivo é desenvolver capacidades do mundo dos negócios ainda na escola, já beneficiou cerca de 12 mil alunos no Brasil. O projeto ocorre em escolas públicas dos municípios mineiros de Belo Horizonte, Santos Dumont, Itaúna e Juiz de Fora, e também em Osasco, no estado de São Paulo. Devido ao sucesso do projeto, para este ano está prevista a entrada de mais duas cidades, Cariacica, no Espírito Santo, e Feira de Santana, na Bahia.
O objetivo do Empreendedorismo juvenil é desenvolver programas de educação econômica para jovens que ainda estão na escola, por meio de módulos de aprendizagem, entre eles Introdução ao mundo dos negócios, Economia pessoal, As vantagens em se permanecer na escola e Aprender a empreender no meio ambiente. Assim, alunos do 6º ao 9º ano podem aprender conceitos sobre mercado de livre iniciativa e comércio global, discutir a importância da educação para oportunidades de trabalho, refletir sobre interesses e habilidades pessoais, explorar opções de carreiras, se prepar para uma entrevista de emprego e começar a entender como as escolhas de agora determinam seu futuro.
Para ampliar a participação, as aulas são ministradas por empregados da ArcelorMittal Brasil, que usam de sua experiência diária na empresa para dar exemplos reais ao conteúdo das apostilas fornecidas pela ONG. “Com o módulo As vantagens de permanecer na escola vimos o quão importantes são os estudos e uma boa qualificação profissional. Impressionantes são aquelas pessoas que sustentam uma família e uma casa com apenas um salário. Com a atividade que fizemos em sala de aula sobre orçamento, percebemos que é muito difícil viver sem um bom estudo e sem uma boa qualificação. Percebemos que o mundo exige muito de nós e as coisas estão difíceis para quem estuda, imagine para aqueles que não estão estudando”, diz Júlia Coelho Rodrigues, aluna do 9º ano na Escola Municipal Professora Celuta das Neves, em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas.
“Em minha opinião, se você permanece na escola, no futuro consegue um bom emprego, tem uma boa renda. Refleti mais sobre o que realmente a escola pode oferecer. Busco trabalhar para conseguir minhas próprias coisas. Enquanto puder, continuo na escola, não pretendo deixá-la”, garante Geovana Louis, também do 9º ano, que estuda na mesma escola de Júlia. “Decidimos participar desse programa por influência de pais, professores, diretores. Tudo isso porque eles querem o melhor para o nosso futuro. Programas escolares como esse ajudam a abrir os nossos olhos para um futuro profissional e melhoram nossas atitudes e experiências”, acredita Alexsandra Sodré Lima, aluna do 9º ano na Escola Municipal Jerônimo Vieira Tavares, de Juiz de Fora.
Para Marcos Barros Alves, analista de projetos da Fundação ArcelorMittal Brasil, “a maior contribuição do projeto é dar oportunidade aos jovens de contato com um conteúdo pouco abordado nas escolas – como o empreendedorismo – e que os prepare melhor para atuar num mercado de trabalho competitivo”. “Na minha visão, a participação dos voluntários é essencial. São eles que levam para a sala de aula conhecimentos práticos do dia a dia das empresas.” O engenheitro de produção da Arcelor em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Thiago Cunha Salles acrescenta: “Com o olhar voltado para o futuro profissional, o programa Empreendedorismo juvenil introduz o jovem ao mundo dos negócios, estimulando-o a planejar o próprio futuro. Os estudantes aprendem conceitos sobre mercado de livre iniciativa e comércio global, discutem a importância da educação para oportunidades de trabalho, refletem sobre seus interesses e habilidades pessoais, além de explorarem opções de carreiras. Isso sem contar que eles aprendem a se preparar para uma entrevista de emprego e começam a entender como as escolhas de agora determinam seu futuro”.
VOLUNTÁRIO Salles salienta que, durante um período de sua carga de trabalho, tem a oportunidade de estar em contato com escolas do entorno da Usina de Juiz de Fora. “Minha experiência como voluntário da Junior Achievement fez com que eu visse a educação de forma diferente. Percebi a necessidade de levar a eles uma ideia de como é o mundo empreendedor, pois percebi a distância entre o que conhecem nas escolas e o que sabem realmente sobre o mundo dos negócios. Embora seja um tema difundido em redes sociais e revistas de negócios, os estudantes não buscam se integrar a esses assuntos enquanto não for despertado seu interesse”, avalia.
Adriane Fatima Valloti Balieri, diretora da Escola Municipal Jerônimo Vieira Tavares, em Juiz de Fora, ressalta que há uma correlação direta entre empreendedorismo e juventude. “O empreendedor mantém-se dinâmico e à frente do seu tempo, com ideias inovadoras, que beneficiam o maior número de pessoas. É um processo de criação contínuo, que requer metas e perspectivas reais. Pensar em empreendedorismo ainda no ensino fundamental é preparar o jovem para um futuro de possibilidades, desenvolvendo suas capacidades, características que devem acompanhá-lo em sua vida profissional. Para nós, é um privilégio poder propiciar aos nossos alunos esta vivência, através da parceria com a empresa ArcelorMittal.”
Avaliação é importante para medir resultados
Pesquisa aplicada aos alunos avaliou o impacto do programa na formação empreendedora do jovem, desde um maior entrosamento com as questões técnicas, uma avaliação da compreensão dos objetivos (metodologia) e um comportamento empreendedor. Por exemplo, quanto à absorção dos conceitos técnicos, os jovens disseram ter entendido 80%. Eles também responderam que, com o conteúdo apresentado, 85% deles pensam em estabelecer objetivos para sua vida e 83% afirmaram ter mais vontade de estudar para atingir seus objetivos.
Outros resultados relevantes mostraram que 99% dos alunos informaram que conhecer as diversas profissões apresentadas facilitará em suas escolhas no futuro; 60% dos alunos disseram que, depois da participação no programa, têm se dedicado mais aos estudos; e 37% responderam que também têm buscado, fora da escola, informações que complementem seu conhecimento.
A pesquisa foi aplicada também em uma amostra de pais, sendo que 94% acreditam que, ações como esta enriquecem o conteúdo e incentivam a permanência de alunos na escola, e 86% avaliaram que depois de participarem do programa, os filhos demonstraram maior interesse em assuntos ligados ao mundo dos negócios (jornais, revistas, cursos) e mais iniciativa e atitude no cotidiano.