Rio de Janeiro – Oito universidades de peso vão quebrar as barreiras demográficas para levar conhecimentos de um canto ao outro do mundo. As quatro universidades brasileiras mais bem conceituadas nas avaliações de qualidade de ensino vão se juntar às quatro principais instituições espanholas para alavancar o processo de internacionalização. As federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e as estaduais de São Paulo (USP) e Campinas (Unicamp) firmam hoje acordo de cooperação durante o III Encontro Internacional de Reitores Universia. Do lado espanhol, estão as universidades Autônoma de Madri, de Barcelona, Carlos III e Pompeu Fabra.
O acordo prevê intercâmbio de alunos e professores, pesquisa e a elaboração de trabalhos conjuntos em áreas que ainda serão definidas pelas universidades envolvidas. O financiamento está a cargo do banco Santander e do governo brasileiro. “Vamos escolher os temas das universidades brasileiras que vão envolver os alunos. Uma área comum entre as quatro brasileiras e que deverá ser de interesse das espanholas, por exemplo, é a nanotecnologia”, afirmou o reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez.
Os termos serão tratados ao longo deste ano e, no início de 2015, o acordo será posto em prática. “São as quatro principais instituições espanholas procurando as quatro principais brasileiras. E, no caso da UFMG, pesa a qualidade do trabalho acadêmico que ela vem desenvolvendo em todas as áreas ao longo desses 87 anos de existência”, disse. O reitor lembrou ainda que a federal mineira é o estabelecimento de ensino superior no país que mais manda alunos de graduação para o exterior. Ramírez destaca que o acordo é fruto de questões que vêm sendo trabalhadas na UFMG desde o último encontro de reitores, em 2010, quando foram intensificadas as atividades de cooperação internacional.
A internacionalização foi um dos assuntos debatidos ontem durante o encontro que conta com a presença de 1.103 dirigentes de universidades de 33 países. O reitor da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Andrew Hamilton, disse que, por meio desse processo, as instituições ficam cada vez mais conectadas com pessoas e outras instituições. Ele acrescentou que essa é uma tendência mundial, provada por números: houve aumento de 20% para 36% nos últimos cinco anos da quantidade de artigos acadêmicos publicados com coautores de diferentes países. “A internacionalização não é a chance de a universidade estar em locais diferentes, mas de lidar com muitos dos desafios do século 21 e fazer melhor do que estávamos fazendo”, disse.
UFLA
Internacionalização é também a bola da vez na Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Sul de Minas. Recentemente, foram firmados acordos com instituições de ensino superior da Holanda, Bélgica e com quatro dos Estados Unidos (universidades de Delaware, da Califórnia, da Carolina do Norte e de Michigan). Na Bélgica, será montado um escritório que servirá como base da Ufla na Europa. No Velho Continente, o foco de cooperação será em agricultura, floresta, biotecnologia vegetal e animal e bioprocessamento.
Vinte professores da Universidade de Delaware estão chegando ao câmpus do Sul de Minas para desenvolver projetos em parcerias nas áreas de fitotecnia, solos, engenharia mecânica e fisiologia vegetal. “Estamos plantando as bases para que a Ufla seja, daqui a 20 ou 30 anos, uma das maiores universidades do mundo”, ressaltou o reitor José Roberto Scolforo.
*A repórter viajou a convite do III Encontro Internacional de Reitores Universia