Márcia Maria Cruz
A rede municipal de ensino de Belo Horizonte obteve a mais alta pontuação (5,7%) desde que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi instituído, em 2005. A meta prevista para 2013 foi atingida em 2011 e superada no ano passado. Para as séries iniciais, eram esperados 5,6%. A rede alcançou 5,7%. Para as séries finais, a rede atingiu a meta de 4,5%. Apenas em 2007 o ensino municipal ficou abaixo da meta estipulada (veja quadro). A variação do Ideb vai de 0 a 10, mas, ao atingir 5,7%, BH se aproxima da projeção para países desenvolvidos, em torno de 6%.
“O Projeto de Intervenção Pedagógica (PIP), o trabalho de formação continuada de professores e alfabetizadores e controle efetivo de fluxo por meio da Gerência Família Escola foram alguns dos fatores que nos levaram a essa nota”, afirmou a secretária municipal de Educação, Sueli Baliza. O comprometimento dos alunos e pais com a Prova Brasil também é apontado como uma das razões que elevaram o desempenho no índice.
A rede se prepara para as metas do Ideb em 2015: 5,9% para as séries iniciais e 4,9% para as séries finais. Para isso, está sendo feita uma revisão de todo o currículo. Também será introduzido o ensino de língua estrangeira no segundo ciclo – e não no terceiro como é atualmente. Outra mudança prevista é a implementação do plano de segurança escolar. Entre as ações, o monitoramento do clima e o planejamento da segurança no espaço escolar. Ainda está prevista revisão de pontos pedagógicos, como a mudança de conceito para nota no boletim. “Vamos rever a carreira e a jornada dos professores, de modo a garantir que tenham um terço do tempo para o planejamento de atividades extra-classe”, disse a secretária.
O índice analisa a proficiência (domínio do conteúdo pelos alunos), o fluxo (progressão entre as séries), e a retenção (reprovação do aluno). Para isso, são realizadas ações para impedir a evasão escolar e a distorção da idade e série. “A proficiência mede os conhecimentos e habilidades adquiridas. Avalia se, notadamente, a criança melhorou o aproveitamento escolar”, afirmou Sueli Baliza. Como a baixa frequência é um dos problemas que levam à diminuição na qualidade de ensino, a secretaria criou um programa para monitorar as crianças faltosas. Ao alcançar 25% de faltas, o estudante passa ser monitorado por um profissional que, inclusive, irá até a residência do discente para entender as razões que o impedem de ir à escola. “Procuramos saber por que o aluno falta e o que a escola pode fazer.”
FAMÍLIAS
Outra medida é possibilitar que a família acompanhe o desempenho escolar. De três em três meses, os pais e responsáveis vão às escolas e recebem o resultado das avaliações. “A entrega do boletim se tornou um dia de festa. As escolas se preparam para receber as famílias”, diz Sueli. O projeto pedagógico da rede prevê a participação da comunidade como aspecto fundamental para a construção de conhecimento.
A rede municipal tem 280 escolas que atendem 190 mil estudantes. Desse total, 173 são voltadas para o ensino fundamental. No entanto, participaram da avaliação do Ideb as 157 que têm as séries finais do segundo ciclo (4º ao 6º ano) e do terceiro ciclo (6º ao 9º ano). O que significa que o índice avaliou o desempenho de 125 mil estudantes. A rede conta com 15,5 mil professores, sendo 13,3 mil do ensino fundamental. Até 2016, a meta é aumentar em 33 mil o número de alunos da educação infantil, o que irá dobrar o quadro de professores.
Na área pedagógica, o investimento da secretaria é na formação continuada dos professores. São realizadas 190 turmas mensais. Cerca de 1,5 mil docentes participam do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). O programa Escola Integrada também é apontado como espaço de inovação que impacta no desempenho dos estudantes.