Durante todo o ensino médio, não se falou de outro assunto. A preparação foi acirrada e, para quem está no 3º ano, os ânimos estão à flor da pele. Agora, falta muito pouco para o grande dia. Está aberta a contagem regressiva para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No sábado e no domingo, são esperados em milhares de salas de aula de todo o país 8,7 milhões de candidatos – desses, cerca de 980 mil apenas em Minas. A maioria deles está de olho em uma vaga em universidade pública e, com a nota obtida na avaliação, vai enfrentar, no início do ano que vem, a disputa no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O desafio está lançado. Na semana dos testes, a recomendação é relaxar, mas sem deixar de lado o tom nem o ritmo dos estudos, receita adotada por vários colégios de Belo Horizonte.
Para a candidata a uma cadeira em medicina Talita Goecking Ruas, de 17 anos, a oficina fez toda a diferença. Segundo a garota, os momentos de meditação nas aulas de ensino religioso também ajudaram a retomar o controle e a desafogar a mente. “Quando estamos na escola, pensamos só em estudar. E temos que desligar um pouco, porque chega uma hora em que não aprendemos mais nada. Nesses momentos de relaxamento, pensamos em outras coisas e aprendemos a conviver com o diferente.”
Talita pretende diminuir o ritmo a partir de quarta-feira. Até lá, ela revisa as matérias em que tem mais dificuldade e tenta fazer o máximo de exercícios na escola, deixando para casa o mínimo possível de tarefas para conseguir dormir mais cedo. Entre os planos para descanso desta semana, ela pretende ir a Inhotim, na região metropolitana, e tirar uma tarde para dormir. Em casa, o apoio dos pais é fundamental. Eles fazem de tudo para que a vida da filha seja a mais confortável possível nestes dias que antecedem o Enem.
Ainda indeciso sobre qual curso da área de exatas fazer, André Macedo Menezes, de 18, também acredita que a atividade lúdica ajuda a distrair e a descarregar um pouco o nervosismo e a pressão. Ele quer frear o ritmo a partir de hoje: “Tem que chegar descansado para fazer o Enem, se não, o maior problema não será a matéria, mas a condição física”. André fez o exame em 2012 e 2013 e, mesmo sem a pressão de serem aquelas as edições decisivas, confessa que achou as provas cansativas. “Pelo que tenho visto, prevejo um Enem um pouco mais difícil do que nas edições anteriores e mais parecido com o do ano passado, que já foi diferente.”
TESTE DE RESISTÊNCIA A professora Rita Rangel lembra que a avaliação exige de qualquer candidato resistência física e poder de concentração. Segundo ela, a capacidade de resolver cada questão em um tempo máximo de três minutos e ter domínio das habilidades são características que já devem estar resolvidas nesta época. Por isso, cuidar do corpo e da mente ganha prioridade. “Nos dias do Enem, o diferencial não é só o conhecimento. Quem quer disputar uma vaga na universidade tem que estar bem em termos de competências, habilidades, resistência física e mental. A capacidade de autocontrole vai garantir o sucesso na prova.”
A educadora dá um conselho àqueles que não sabem se o melhor agora é estudar pesado ou apenas fazer revisão: “Se há necessidade de algum conteúdo pendente, estude. A ponta de incerteza pode afetar o nervosismo. Não tem que perder o ritmo. Desacelerar, só depois de 9 novembro”.
Palavra de especialista
Geraldo Junio dos Santos,
mestre em educação e diretor do Colégio Arnaldo
Concentração total
“O Enem, a cada ano, tem se solidificado na cultura educacional brasileira. Neste ano, foram inscritos mais de 8 milhões de candidatos, 14% a mais que em 2013. Os alunos que farão o exame devem ficar atentos quanto a algumas dicas, como dormir bem e se alimentar antes da prova, chegar adiantado ao local, garantir estar portando o cartão de inscrição, documento de identidade e caneta preta transparente. E uma dica muito preciosa, principalmente para os jovens: evitar levar o celular e, se levá-lo, deixar desligado o tempo todo. O Inep, órgão responsável pela realização das provas, já avisou que nos locais haverá detectores de metal, ou seja, será mais rígido quanto ao controle de possíveis fraudes envolvendo, principalmente, o celular. O edital do Enem esclarece que, caso o candidato leve algum objeto, terá que guardá-lo em embalagem fornecida pelo aplicador. Porém, mesmo tendo essa opção, eu oriento, como educador, que não os levem, pois é um momento único, em que o estudante não deve se preocupar com mais nada além da prova. Para se comunicar ao fim do exame, o velho e bom cartão telefônico pode ser uma alternativa. Além disso, ainda no edital, o Inep se exime de qualquer responsabilidade sobre os objetos. Então, a hora é de relaxar e desconectar-se do mundo exterior, concentrando-se somente na prova e fazendo dessas 10 horas o grande momento de mudança em suas vidas.”