Dizem que o Brasil só funciona depois do carnaval. Então, passados os festejos de Momo, é hora de pôr a vida em ordem. Essa é, aliás, a palavra-chave se em questão estiver a vida escolar. Com o ano letivo agora a todo vapor, planejar é fundamental para dezembro não terminar em reprovação. Mas, como se preparar para encarar meses de estudo? O desafio está lançado a alunos, pais e escolas. As opções disponíveis para garantir aprendizado e bom desempenho passam pela disciplina, velhos livros e cadernos, atenção máxima às explicações do professor e ao flerte com a tecnologia. Celulares, tablets, jogos e aplicativos transitam entre a brincadeira e o conhecimento, em casa e nas escolas. Sem poder nadar contra a corrente do mundo moderno, pais seguem a moda dos filhos e aderem ao chat mais popular da telefonia para discutir educação e seguir a rotina escolar de crianças e adolescentes. No fim das contas, para não ter nota vermelha, vale a fórmula tradicional: dedicação aos estudos e acompanhamento de perto da família.
Traçar um planejamento para o ano todo ou por trimestre, identificando a disciplina na qual se tem mais dificuldade e adotando estratégias para não perder o ritmo, é o ideal, segundo a coordenadora pedagógica Poliana Corrêa, do Colégio Cotemig, na Barroca, Região Oeste de BH. Estudar é um exercício diário e, além do dever de casa, o aluno deve dar atenção ainda à leitura de conteúdos ministrados naquele dia, além revisar os demais para não acumular – principalmente se o estudante se prepara para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O ambiente também deve ser adequado para a concentração e o bem-estar físico, sem barulho e com mobiliário confortável. “Muitos adolescentes gostam de estudar na cama, o qye que é totalmente errado, pois remete ao não estudo, ou ainda ficar com a TV ligada e navegando em rede social. Até pode, mas desde que esteja conectado a grupos de apoio, e não com o objetivo de distração”, afirma Poliana.
Coordenadora do Colégio Magnum, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste de BH, Rita de Cássia Saraiva Lanna de Melo reforça que se não houver o hábito de estudo, o aluno sempre ficará em débito, com um acúmulo de resultados desfavoráveis. A instituição ajuda os alunos a montar um quadro com a rotina de estudos, com horários para as atividades ao calendário de provas. A família também é orientada a cobrar o cumprimento do quadro de estudos e garantir um ambiente tranquilo, sem outros estímulos, com horários marcados para uso de celular e redes sociais.
CONTROLE Outro aspecto é o estabelecimento de metas de resultados. “Sem isso o aluno parte do princípio de que, fazendo o mínimo, corresponde às expectativas da família”, diz. Disciplina que Ana Beatriz Santana Marques, de 11 anos, aluna do 7º ano do Magnum, aprendeu desde cedo. Às 13h, ela começa a fazer o dever de casa. “Não gosto de estudar à noite, porque fico com sono e não me concentro. Sempre me programo e, independentemente de o dever ser ou não para o dia seguinte, faço todos de uma vez, a não ser que o volume seja demais”, diz. Terminada a tarefa, dedica um tempo à leitura de conteúdos da escola ou outros tipos e, se nada mais restou da escola, é liberada para ver TV e pegar de volta o celular, que fica com a mãe nesse período. Computador só é ligado se for para pesquisa. E o celular só é recuperado antes caso precise tirar dúvida com algum colega – mesmo assim, é entregue imediatamente depois para a mãe .
Outra estratégia, segundo Ana, é dedicar aos deveres a atenção de uma prova. “Pesquiso nos livros, na internet, pergunto à minha mãe ou deixo para tirar a dúvida em sala. Não tenho vergonha de perguntar”, afirma. Organizar o material para não deixar para trás os cadernos é outro ponto fundamental, na opinião da garota, além de uma letra legível. A mãe dela, a professora universitária Josana Alves Santana da Luz, de 41, está sempre de olho, embora reconheça a responsabilidade da filha.
Para Josana, a grande dificuldade de concentração dos meninos tem a ver com as redes sociais. “Se a Ana estiver com tablet ou notebook, sei que está concentrada para estudar. Hoje, meu grande problema é o celular, por isso faço todo esse controle e devolvo por uma necessidade de comunicação, no fim da tarde, quando ela vai para o inglês ou o vôlei”, diz. A professora não abre mão do cerco: “É questão de disciplina e a Ana tem que entender o que é melhor para ela”.