Lideranças cristãs se reunirão amanhã em Belo Horizonte para discutir as implicações de as escolas ensinarem que meninos e meninas não têm um sexo definido, no 1º Encontro de Líderes Religiosos em Defesa das Crianças e das Famílias. A chamada “ideologia de gênero” ganhou repercussão no país por causa da votação dos planos municipais de educação. Na capital mineira, as diretrizes que nortearão o ensino público ainda não chegaram à Câmara Municipal e um dos objetivos do encontro é antecipar a discussão, garantindo que educadores não interfiram na orientação sexual dos alunos.
Segundo os críticos da chamada “ideologia de gênero”, essa corrente defende a ausência de sexo biológico e que a pessoa pode escolher entre ser homem ou mulher. “A ideologia de gênero tem o objetivo de esvaziar o conceito jurídico de homem e mulher. Isso não tem qualquer amparo na Constituição”, afirma um dos palestrantes do evento, o diretor da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, Adrian Paz, que também é conselheiro municipal de educação de BH.
Participarão do encontro, organizado pelo grupo nacionalista Patriotas em hotel no Bairro Santo Antônio, o presidente da Pró-Vida e Pró-Família, Hermes Nery, além do fundador do movimento Escola sem Partido, Miguel Nagib. “Queremos capacitar lideranças para que elas debatam o assunto nas igrejas, escolas e tenham condição de se posicionar contra isso. Depois disso, vamos acionar essas lideranças para ir à Câmara e em movimentos”, reforça Paz.
O tema tem sido debatido em todo o país, assim como ocorreu, no ano passado, durante a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) pelo Congresso Nacional. Na época, depois da pressão de segmentos cristãos, parlamentares tiraram do documento trechos que tratavam sobre questões de gênero.
CONSEQUÊNCIAS A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chegou a publicar, no mês passado, carta aberta contra a ideologia. “A introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias”. Também reforça que a ideologia “desconstrói o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher”.
Em BH, episódio na Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) Santa Branca, em Belo Horizonte, fez o temor em relação à “ideologia de gênero” crescer. Em abril, um menino de 4 anos fez xixi na calça porque não queria ir ao banheiro com as meninas, já que eles estavam sendo usados de forma unissex. A escola justifica que as placas foram retiradas para manutenção. Exercício que pede para a criança pintar “a figura que melhor lhe representa”, com a opção de colorir um menino ou uma menina, também foi alvo de críticas. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) garante que não há intenção de introduzir “ideologia de gênero” no ensino público..