Depois de anunciar corte de R$ 81,7 milhões no orçamento, demissões de 40% no quadro de funcionários terceirizados, atraso no início do período letivo e dificuldade financeira de R$ 22,8 milhões para fechar as contas de 2015, a Universidade Federal de Minas Gerais admite que pode ter seus níveis de excelência de ensino afetados. Ontem, o reitor Jaime Arturo Ramírez anunciou a lista de 10 obras de reforma e construção de novas unidades que precisaram ser paralisadas e alertou que, no médio prazo, as pesquisas e os bons índices que a instituição mantém podem sofrer impacto negativo com os cortes de verbas. Em reuniões mensais, a UFMG tem informado ao Ministério da Educação (MEC) o quadro financeiro e o “baque”, nas palavras do reitor, que ele tem causado. Mas ainda não há sinalização de que mais recursos sejam liberados para equilibrar as contas.
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Reitor da UFMG afirma que as aulas não voltaram em condições normaisControladoria-Geral da União determina que UFMG divulgue lista de espera completa do SisuAulas nas federais voltam, mas cortes e greves comprometem o 2º semestreVolta às aulas da UFMG é marcada por protesto de servidores técnico-administrativosTermina greve dos técnico-administrativos da UFMG; categoria volta ao trabalho amanhãTécnico-administrativos da UFMG e Cefet aceitam proposta de reajusteTécnico-administrativos da UFMG e outras três instituições discutem greve nesta sexta Arrocho do governo federal leva a cortes de vagas e de programa de intercâmbioUniversidades federais já perderam um mês de aula e têm semestre ameaçadoEntre as obras interrompidas estão a ampliação da terceira unidade da moradia universitária, no Bairro Ouro Preto, que prevê abertura de 360 vagas para estudantes e a construção do Centro de Atividades Didáticas do Departamento de Ciências Exatas.
Além da paralisação nos canteiros de obra, a UFMG tem dificuldades para quitar contas de água e luz vencidas, é obrigada a fazer pagamentos por “ordem cronológica” de fornecedores com quem tem dívidas atrasadas e ainda enfrenta uma greve de servidores. Ainda em negociação com o governo federal, técnico-administrativos mantêm paralisação, que ontem completou exatos três meses. Como servidores trabalham com escala mínima de 30%, laboratórios, bibliotecas e colegiados da UFMG estão com atividades suspensas ou funcionando parcialmente.
Apreensão As aulas do segundo semestre começaram na segunda-feira, com 21 dias de atraso, por problemas no sistema de matrículas, também comprometido pela greve. Ao comentar o retorno, o reitor reconheceu que as aulas começaram em uma situação que “não é normal, que não é ideal”.
Na última quinta-feira, Ramírez e reitores das demais instituições públicas de ensino superior de Minas se reuniram com representantes do MEC, em Brasília, para apresentar a situação financeira das unidades. O dirigente da UFMG disse que a instituição não deixará de ser atendida pelo governo federal. “Estamos priorizando o pagamento das bolsas, não vamos fazer cortes nas bolsas dos alunos. Esses serviços serão mantidos, seja na assistência estudantil, bem como naquelas da pró-reitoria de graduação e de extensão”. Ele lembra que dois fundos foram criados, cada um no valor de R$ 2 milhões, para atender, emergencialmente, as atividades da pós-graduação e da graduação.
Obras paradas
- Contingenciamento de verbas afetou atividades na UFMG e obrigou instituição a suspender obras:
- Centro de Atividades Didáticas da Ciências Exatas
- Reforma da Escola de Belas Artes e Artes Cênicas (Eba)
- Reforma da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich)
- Reforma da Faculdade de Letras (Fae)
- Ampliação da Moradia Universitária (Moradia III – 360 vagas)
- Anexo da Faculdade de Educação
- Anexo da Faculdade de Música
- Anexo do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (Icex)
- Centro de Transferência e Inovação Tecnológica(CTIT)
- Unidade Administrativa 5 (Prédio de projetos da Internacionalização)
- Anexo de Aulas Práticas do ICB
- Anexo da Educação Física
Enquanto isso, greve continua
O reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez, disse ontem que a instituição atua como interlocutora dos funcionários junto ao governo federal, mas a presidente do Sindicado dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior (Sindifes), Cristina del Papa, afirmou que, no momento, não há previsão de término da paralisação.
Números da crise
40%
foi o percentual de corte nos cargos de terceirizados na UFMG (limpeza, portaria e manutenção). De 1.318 em novembro de 2014, eles passaram para 791, em agosto de 2015
R$ 81,7 milhões
é o valor bloqueado pela União dentro do orçamento da UFMG (R$ 31 milhões de 2014 e R$ 50,7 milhões em 2015)
R$ 22,8 milhões
é o valor que a UFMG ainda precisa para fechar as contas de 2015
Fonte: UFMG.