“Planejei participar do próximo edital. Seria importante ter contato com a tecnologia desenvolvida em outros países. Há muita diferença de ensino e, além de a experiência acrescentar à formação, o estudante ainda volta com conhecimento para o Brasil”, destaca Irving. E não é apenas o ensino superior que sofre com os cortes de R$ 9,42 bilhões do orçamento federal. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) deve ofertar apenas metade das 12 milhões de vagas prometidas pela presidente Dilma Rousseff (PT) na campanha do ano passado.
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Universidades federais já perderam um mês de aula e têm semestre ameaçadoUFMG admite que cortes podem afetar níveis de excelência em ensino da universidadeNovo corte de verbas deixa universidades federais alarmadasA UFMG é a segunda instituição em número de bolsas, com 4.098 alunos enviados a instituições de ensino em outros países – a Universidade de São Paulo (USP), com 5.650 inscritos, é a maior detentora de benefícios. Na Federal mineira, a maior parte das bolsas (83%) é concedida a alunos de graduação, mas o programa também atende a pós-graduação, com destaque para doutorado “sanduíche”, quando parte do curso é feita em uma instituição do exterior.
Oportunidade O Ciência sem Fronteiras é uma das poucas possibilidades para que o estudante do segundo período de engenharia química Davi Cirino Guimarães, de 21, consiga experiência em instituição estrangeira. “Sou cotista da universidade. Portanto, só teria condições de estudar no exterior por meio desse programa. Tinha planejado isso, mas vou ter de adiar, se não abrirem vagas. Como ainda estou no começo do curso, estou confiante em que nas próximas edições possa me candidatar”, disse.
“Cheguei a ser chamado, em uma edição anterior, mas não tinha o certificado de inglês. Se as vagas forem congeladas, só poderei fazer o intercâmbio quando começar o mestrado”, afirma Antônio Coutinho, de 26, aluno do sexto período de engenharia metalúrgica. Para o professor de engenharia eletrônica e coordenador do programa de educação tutorial da UFMG, Pedro Donoso, a oportunidade de estudar fora traz benefícios para formação dos estudantes e também para a universidade no Brasil. “Pergunto sempre aos alunos que voltam sobre experiências de ensino diferentes que tiveram e que possam ajudar a melhorar nosso curso. Eles voltam melhores em língua estrangeira, com visão mais ampla de mundo e, em muitos casos, têm contato com equipamentos de ponta difíceis de se encontrar no Brasil”, afirma.
Mas há quem considere que, em tempo de dificuldade financeira, a oferta de oportunidades no exterior deve ser mesmo sacrificada em prol de outros investimentos. É o caso das mestrandas em engenharia mecânica Sharon Tavares, de 29, e Bruna Rezende, de 25. “A situação do país está muito difícil e é natural que haja cortes.
Ensino técnico A “realidade econômica do país”, como definiu o MEC, atingiu em cheio também o Pronatec. De acordo com o Plano Plurianual (PPA) formulado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a expectativa é de que o programa feche 2019 com pouco mais de 6 milhões de vagas, praticamente metade das 12 milhões que Dilma Rousseff prometeu durante a campanha presidencial.
O MEC informou estar “fazendo a revisão das metas de seus programas”. “Mesmo em um ano de ajuste fiscal, o governo federal vai ofertar um total de 1,3 milhão de novas vagas pelo Pronatec. As metas apresentadas pelo Ministério do Planejamento levam em conta a expectativa de arrecadação. Isso significa que, ao longo dos próximos anos, com a melhoria do cenário econômico, elas podem ser revistas”, informou a pasta da educação..