Jornal Estado de Minas

Brasileiros abrem os olhos para oportunidades de bolsas para atletas nos EUA

Lira Xavier e André Faria, na época namorados e atualmente casados, estudaram na Califórnia e hoje são donos de uma academia em Belo Horizonte - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press
Os Estados Unidos não são uma potência esportiva mundial apenas por sua posição como uma das maiores economias do planeta. Contando com quase o triplo de ouros que o segundo colocado (a extinta União Soviética) no quadro geral histórico de medalhas das Olimpíadas de verão, o esporte no país tem uma política de Estado que o fortalece e põe foco na formação e no estímulo à profissionalização dos atletas, sempre aliada aos estudos.

Quem deseja se dedicar a uma prática esportiva no Brasil deve sentir muita inveja de seus correlatos norte-americanos. Aqui, o normal é ter de escolher entre o esporte e a educação já na adolescência. Lá, não! Estudo e prática esportiva andam juntos, desde o colégio. Muitos brasileiros começam a abrir os olhos para oportunidades como essa, buscando bolsas para atletas nas universidades do país mais rico do continente.

Foi por um desafio lançado por seu treinador no Brasil que a mineira Camilla Xavier, de 24 anos, mudou o rumo de sua vida. Praticar o esporte era uma escolha natural para ela, já que o pai e o tio sempre jogaram tênis. “Quando criança, sonhava em me profissionalizar. Mas optei por investir nos estudos e, consequentemente, usar o tênis como vantagem para alcançar meus objetivos.
A ideia surgiu do meu treinador, que me propôs o desafio. Passei a treinar com mais intensidade com o objetivo de alcançar minha meta e ser aceita em uma universidade norte-americana”, conta a bióloga, formada pela Concordia College, em Nova York. Ela não parou por aí. Já conquistou também título de mestre em microbiologia pela Universidade de Long Island e pretende cursar medicina antes de voltar ao Brasil. Há sete anos nos EUA, ela é assistente de pesquisa no Departamento de Anestesia do Hospital Presbiteriano de Nova York, um dos mais tradicionais da metrópole.

“O processo tem várias etapas. Gravamos um vídeo meu jogando e fiz uma prova de avaliação, como o Enem no Brasil. Depois, tive de fazer o teste de proficiência no idioma.
Após isso, uma empresa que contratamos fez o contato com as universidades norte-americanas e os treinadores das equipes de tênis. Os interessados entraram em contato comigo. Tive algumas propostas, mas optei por Nova York”, explica Camilla. Com vários títulos no circuito universitário dos Estados Unidos, hoje ela pratica o esporte por lazer ou, durante o verão, dá uma ou outra aula particular. Dedicação foi a regra durante sua passagem pela universidade.

Experiência marcante

São várias as modalidades esportivas nas faculdades nos EUA. E outra integrante da família da Camilla também teve a oportunidade de estudar fora por meio do esporte. Atleta das seleções brasileiras de base, Lira Xavier, prima da Camilla, foi eleita melhor levantadora em um campeonato mundial de vôlei juvenil. Por anos jogadora do Minas Tênis Clube, a mineira de Belo Horizonte se inscreveu por conta própria no processo de seleção de várias universidades norte-americanas e passou.


Pouco tempo depois, o então namorado e atual marido, André Faria, jogando basquete, ingressou na mesma universidade.
Ela se formou em educação física, e ele, em administração. Hoje, são proprietários da Academia Vigor, no Bairro Santa Efigênia, na capital mineira. “Foi uma experiência marcante. Enviei alguns e-mails e consegui a bolsa. É uma oportunidade única, já que consegui conciliar estudo e prática esportiva sem ter que pagar nada. Casa, comida e educação. Tudo gratuito”, conta. Um dos filhos do casal nasceu nos Estados Unidos, e foi justamente para o garoto não perder o contato com a família que eles resolveram voltar para cá.

A falta de conhecimento do idioma não foi empecilho para Lira realizar seu sonho. Algumas instituições de ensino dos EUA têm programas para familiarizar o estrangeiro com a língua. “Falava oi e tchau.
Mas eles têm programas para ensino do inglês para iniciantes dentro da própria faculdade”, explica. Mesmo se destacando na adolescência como uma das principais promessas do país na modalidade, Lira optou por não abrir mão da universidade. “Foi a vontade de conciliar o estudo com o vôlei que me levou para lá. Pesquisei e fiz as inscrições nos cursos por conta própria. Poderia ir para a Europa, mas lá o esporte é tratado como aqui”, lembra.

Uma empresa mineira, fundada por uma ex-jogadora de vôlei das categorias de base no Minas Tênis Clube, se especializou em mandar jovens esportistas para bolsas universitárias para atletas nos EUA. Sociedade da Fernanda Queiroz com o primo Ronaldo Lopes, a Xsport Consulting já ajudou mais de 230 jovens, desde 2009. Um dos destaques é o camisa 15 do Orlando City, Pedro Ribeiro, que, após ser escolhido por quatro anos seguidos melhor jogador de futebol no campeonato universitário norte-americano, começa a se destacar na liga profissional ao lado de Kaká, veterano brasileiro campeão da Copa do Mundo de 2002.

A empresária garante que a ida à universidade norte-americana mudou sua vida e acredita que o mercado olhe de maneira diferente quem tem dois cursos nos EUA. “Recomendo ter a coragem e acreditar no sonho, mesmo não sendo fácil largar a família e amigos”, conclui. (GP)

DE OLHO NAS OPORTUNIDADES

Algumas empresas brasileiras começam a se especializar para mandar alunos para estudarem no exterior. É possível se inscrever e garantir a vaga sozinho, mas elas ajudam o estudante a se preparar para processo seletivo

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