Terminada a maratona de provas do Enem na edição que teve o menor índice de desistência (25,5%) desde 2009, candidatos suspiram aliviados, mas entram em uma nova etapa de expectativa: pelo resultado. O sofrimento, porém, ainda não acabou para pelo menos três candidatos em Minas Gerais, que fizeram o primeiro dia de exame em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por um erro do aplicador, os estudantes tiveram meia hora a menos para responder às questões e terão direito a uma segunda chance. Como eles, por problemas diversos, outras 5,2 mil pessoas terão oportunidade de fazer segunda chamada, em 1º e 2 de dezembro. A mesma sorte não terão os 743 eliminados nos dois dias de provas – três deles por postagens em redes sociais – segundo balanço divulgado ontem pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Ele informou que o gabarito oficial será divulgado quarta-feira. As provas digitalizadas estarão disponíveis na sexta. Até a primeira semana de 2016, todas as notas dos participantes serão divulgadas.
Entre outros episódios registrados estão nove ocorrências médicas (cinco no sábado e quatro no domingo). Ontem, segundo o Ministério da Educação, uma gestante entrou em trabalho de parto. Ao todo, ocorreram 15 interrupção de energia nos dois dias de provas. Em somente um caso, em Marituba (PA), a luz não foi reestabelecida na escola e a aplicação precisou ser suspensa. Nesse caso, 661 alunos foram prejudicados. Eles fazem parte dos 5.203 que terão uma segunda chance. O grupo inclui ainda os 924 inscritos que fariam provas em Taió e as 3.618 pessoas que prestariam o exame em Rio do Sul. Ambas ficam em Santa Catarina e tiveram o Enem suspenso devido às fortes chuvas.
Barrados
Transtornos do tempo e da organização à parte, muitos candidatos venceram a primeira etapa da prova, mas se atrasaram para o segundo dia. Paulo Gonçalves, de 24, disse que vinha se preparando para o exame desde 2012, mas chegou ao local do exame com pouco mais de um minuto de atraso. Trêmulo, disse não ter entendido quando ouviu gritos para que corresse. Paulo foi traído pelo relógio, que parou de funcionar às 12h40. “É um relógio falsificado, mas que funcionava”, lamentou.
Daisy Monteiro, de 40, e o sobrinho Daniel Monteiro tentavam uma vaga para psicologia e administração, respectivamente. Correndo, chegaram pouco depois do fechamento dos portões e ficaram transtornados. “Não sabíamos que o trânsito, em pleno dia de Enem, estava impedido entre as avenidas Antônio Carlos e Isabel Bueno. Tivemos que dar uma volta grande para fazer o retorno.”
Na PUC, pelo menos seis pessoas não conseguiram fazer a prova. Jéssica dos Santos, de 24, foi uma delas. Ela chegou com 15 segundos de atraso e perdeu o teste. Aos prantos, contou que saiu de casa às 11h30 e passou em um posto de gasolina para abastecer. “O cartão de crédito deu problema e foi uma confusão. Cheguei atrasada e não consegui entrar.”
Na ponta do lápis
Dos 743 eliminados nesta edição do Enem, segundo balanço do MEC, pelo menos cinco saíram do câmpus Coração Eucarístico da PUC, em Belo Horizonte. Um dos casos mais inusitados foi o de Elvis John, de 18 anos. Ele chegou a fazer a prova, mas, faltando poucos minutos para entregá-la, o fiscal percebeu que seu rascunho da redação havia sido feito a lápis, cuja posse é proibida pelo edital. “Já tinha acabado tudo e fui eliminado”, lamentou, dizendo que não sabia da regra.
Eliminações
SÁBADO / DOMINGO / TOTAL
Uso de equipamentos 330 - 347 - 677
Detector de metal 34 - 29 - 63
Postagens em rede social 1 - 2 - 3
Total 365 - 378 - 743
Calor e ventilador
No último dia de provas, além do documento de identidade e caneta transparente com tinta preta, garrafas de água se tornaram item obrigatório em BH. Com os termômetros marcando perto de 30 graus, algumas salas de aula viraram saunas. Tanto que Débora Fram, de 18 anos, decidiua levar um ventilador. Ela contou que, no primeiro dia de provas, o sol da tarde esquentou tanto a sala, no câmpus da UFMG, que prejudicou sua concentração. Mas seu ventilador foi barrado na entrada da Fafich.