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Estado de Minas SUPERAÇÃO QUE VALE MIL

Estudante de BH tira nota máxima na redação do Enem

Persistência e treino em curso só para o teste foram essenciais para o sucesso, segundo o aluno


postado em 14/01/2016 06:00 / atualizado em 14/01/2016 08:35

'Jamais fui escravo dos estudos', disse Henrique Soares, ao comemorar ontem com os amigos a nota mil na redação do Enem: agora expectativa é por vaga em medicina (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
'Jamais fui escravo dos estudos', disse Henrique Soares, ao comemorar ontem com os amigos a nota mil na redação do Enem: agora expectativa é por vaga em medicina (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

O jovem Henrique Bastos de Castro Soares nunca foi do tipo “caxias”, desses que vivem agarrados aos livros, perdem noites de sono para resolver um problema de matemática ou sacrificam o fim de semana para dar conta dos exercícios de português. “Jamais fui escravo dos estudos”, brinca o belo-horizontino de 19 anos, que, para surpresa dele mesmo, tirou nota mil na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujo tema foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Morador do Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste da capital, Henrique comemorou ontem o resultado ao lado de amigos do prédio onde mora, e revela o segredo do sucesso: durante todo o ano passado, frequentou assiduamente um curso específico de redação. “Foi o essencial”, garante.

No início da tarde, os amigos o carregaram no colo e, numa brincadeira típica de adolescentes, jogaram dois ovos na cabeça do rapaz. Ele ficou meio sem jeito e acabou entrando na farra. Depois, compenetrado, reiterou o objetivo inabalável de estudar medicina e se tornar cardiologista, embora ressaltando que a boa nota na redação ainda não significa sinal verde para a universidade. “Preciso esperar o resultado final para saber”, observou o jovem incluído no seleto grupo dos 104 candidatos brasileiros com nota mil, num universo de 5,8 milhões de pessoas.

Exibindo um sorriso franco que faz os olhos verdes brilharem, Henrique confessa as limitações em língua portuguesa, especialmente redação, e reconhece que os textos escritos por ele não tinham nexo. “Não havia conjunção entre as frases, era tudo muito solto, ruim mesmo”, assume. Diante da necessidade urgente de melhorar nesse quesito, o filho único conversou com os pais, um comerciante e uma funcionária pública, e se matriculou no curso da professora de português Cíntia Chagas.

Ciente da completa falta de vocação para os textos, Henrique decidiu que investiria na técnica para superar as dificuldades. “Graças à professora Cíntia, fui conseguindo superar as limitações”, explica o estudante, que, depois de concluir o ensino médio em 2013, fez cursinho pré-vestibular em 2014 e 2015, conjugando o último com o de redação. “Nos dois últimos anos, estudei muito, mas não deixei de jogar bola uma vez por semana”.

Na “salinha”, como ela chama o espaço do curso de redação, ele relata algumas qualidades, como poucos estudantes. “O mais importante é aprender com os próprios erros e saber organizar as ideias. Se eu escrevia um texto, a professora, com calma e paciência, corrigia ali do meu lado, orientava, e em seguida eu escrevia outra redação com o mesmo tema, em vez de simplesmente abandoná-lo e passar para outro. Aprendi a fundamentar os textos, a apresentar argumentos, o que foi fundamental”, diz Henrique.

A questão da mulher na atualidade já havia sido discutida na “salinha” e virou tema de uma redação, por sugestão de uma das alunas. Ao começar a redação do Enem, o jovem conta que começou a escrever sobre a situação da mulher ao longo dos anos, e, ao se dar conta da confusão, apagou os escritos e começou do zero. “Aprendi a usar o aliás, o além e outras palavras. Aliás, como eu refazia os textos no curso de redação, não foi complicado recomeçar”, afirma.

Comemoração Os amigos vão chegando de novo para o abraço e Henrique recebe os elogios. “Legal, vou aprender com ele”, avisa Matheus Nascimento, de 16, enquanto que, para Carolyna Loures, de 14, o resultado surpreendeu. Luiza Vasconcelos, de 15, emendou “muito bom” com “fofinho”, e Thiago Silva, de 17, que também fez a prova, considerou “muito difícil” tirar nota mil em redação.

Depois da conquista, é hora de divertir como qualquer jovem de 19 anos. Sem namorada, Henrique diz que está aproveitando “um tiquinho”, já passou uns dias em Cabo Frio (RJ) e viajará de novo. “Sem o apoio dos meus pais, seria muito difícil tudo isso.” As aulas de português tornaram o jovem mais crítico e mais atento ao noticiário. “Antes assistia a um telejornal e me dava por satisfeito. Agora vejo vários. E estou tentando ler livros, pois nunca fui de ler romances e outros tipos”, diz o garotão, que, se não conseguir ingressar agora na universidade, vai fazer de novo o curso de redação.
Enquanto isso...

Medicina lidera nota de corte

Levantamento do Estado de Minas mostra quais são as notas de corte dos cursos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As notas consideram os candidatos que concorrem na modalidade concorrência ampla, ou seja sem levar em conta as notas para 50% dos cursos reservados a diferentes tipos de cotas.
Até ontem, pois a nota indicada pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ainda não é definitiva, a maior nota exigida é para quem quer estudar medicina, seguido por engenharia aeroespacial e engenharia química. Os três que exigem as notas mais baixas são biblioteconomia, arquivologia e aquacultura. O prazo para quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio se inscrever no Sisu termina às 23h59 de hoje.


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