O Ideb é calculado com base no aprendizado dos alunos (em português e matemática) e no fluxo escolar. O índice passou a ser aplicado depois que o Brasil se tornou signatário da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – entidade que acompanha avaliações semelhantes em todo o mundo. Para atingir a média educacional dos países da OCDE, o Brasil precisa alcançar Ideb igual ou superior a 6 no ano de 2022. Essa conta depende do desempenho dos estados, dos municípios e das escolas. O ponto de partida foi 3,8 em 2005. “É o índice que dá para as escolas brasileiras o patamar em que elas estão. Bem ou mal, é o indicador que mostra se a instituição está na média, se piorou ou se melhorou”, afirma o professor e pedagogo Hamilton Werneck, que viaja o Brasil realizando palestras sobre o tema.
Em 2013, Minas superou a meta de 5,9, alcançando um índice de 6,2, mas essa não é a realidade de todos os estados brasileiros. “O segredo são os professores que estão nas instituições há muito tempo e não mudam. Eles conhecem os pais dos alunos e toda a comunidade os conhece”, afirma o especialista. Ele aponta que um dos fatores que levam ao mau desempenho das escolas é a descontinuidade do trabalho, quando há um fluxo grande de professores. Além da permanência, o índice mostra a importância da formação continuada desses profissionais.
Como o Ideb aponta caminhos no ensino fundamental, no nível seguinte do aprendizado o indicador é o Enem. Além de avaliar a qualidade do ensino médio, o exame se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior. As notas são usadas para ingressar nas universidades públicas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e para obtenção de bolsas de estudo no Programa Universidade para Todos (ProUni) nas instituições particulares. Na avaliação do consultor Raison Pinheiro, o resultado da implementação do Enem é positivo. Ele aponta em quais conteúdos as escolas devem focar. O consultor ressalva que, quando passou a ser usado no Sisu, se tornou mais competitivo. Outro ganho é que o Enem oferece parâmetros de comparação para avaliar o ensino em períodos estendidos. A fim de elevar a posição no ranking, as escolas precisam criar projetos pedagógicos para desenvolver as competências e habilidades dos estudantes. Por cobrar conteúdo extenso, outro resultado indireto é fomentar no estudante a cultura de estudar em casa com regularidade. Só assim ele dará conta de fazer as provas.
Provas em três eixos
O diretor de Operações do Grupo Ânima em Minas, Átila Simões, acredita que os indicadores educacionais contribuam para a melhoria das instituições de ensino superior preocupadas com a qualidade. Na década de 1990, os cursos superiores eram avaliados por meio do Exame Nacional dos Cursos. O Provão, como era conhecido, se tornou mais complexo e conta hoje com três eixos.
O primeiro eixo avalia o desempenho dos alunos. Ao final do curso, eles fazem o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Já o Indicador de Diferença dentre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) permite identificar a evolução do aluno ao longo da graduação. Pela primeira vez, foi possível comparar as notas do Enem com as quais o aluno ingressou na universidade com o desempenho dele ao se formar, por meio do Enade. O Ministério da Educação (MEC) avalia os cursos de três grandes áreas de conhecimento (saúde, engenharias, ciências aplicadas e humanas) a cada triênio. Ainda não foi divulgada a portaria com os cursos que serão avaliados este ano, mas espera-se que sejam os da área de saúde.
O segundo eixo capta a avaliação subjetiva dos alunos acerca da infraestrutura, do projeto pedagógico e da possibilidade de ampliar a formação. A possibilidade de participar de projetos de extensão e de iniciação científica, entre outras atividades de pesquisa e extensão, demonstra a qualidade de uma instituição de ensino. É o que faz a estudante do 8º período de fisioterapia do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) Leandra Carla da Silva Gonçalves, de 25 anos, que participa como estagiária da Escola da Maturidade. O projeto de extensão oferece para pessoas da terceira idade aulas de gastronomia, espiritualidade, canto, arte e cultura, memória, espanhol e pilates. “Com projetos como esse, a universidade nos deixa preparados para o mercado de trabalho. Nos tornamos profissionais altamente capacitados”, diz. O terceiro eixo avalia a qualificação dos processos a partir das titulações (especialização, mestrado, doutorado) e o regime de dedicação (parcial ou integral).
O Grupo Ânima lidera o IGC entre os centros universitários particulares de Minas. São 152 cursos nos dois centros universitários, o UniBH e o Centro Universitário Una. Quase a totalidade dos cursos (96%) tem desempenho entre 3, 4 e 5 na avaliação, sendo 44% com as avaliações 4 e 5. O índice vai de 1 a 5. “A Una mudou de faixa. Estamos no 4 e o UniBH está caminhando para o 4”, informou Simões. Ele destaca que os dois centros apresentam evolução em todas as edições do IGC.