Novidades à vista na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A maior instituição de ensino superior do estado planeja para breve mudar os currículos da graduação. Se aprovadas as alterações, a meta é fazer com que os calouros de 2018 tenham grades mais flexíveis, que “conversarão” entre si e com uma abrangência maior de aprendizado. Pela proposta da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), cursos e áreas afins terão entrada única e trajetos comuns até determinado momento da formação, para só depois deixar o caminho livre para a especialização do estudante, que poderá optar ainda por uma linha genérica de formação. Esses moldes dão possibilidade até mesmo de obtenção de um segundo diploma e de cursar disciplinas na pós-graduação. A expectativa é conseguir reduzir, com o novo modelo, o número de vagas ociosas.
“Estabelecemos um princípio: o aluno opta por um curso principal, que o vincularia na graduação. Uma hipótese é que dentro de cada um deles haja também um subconjunto de disciplinas que comportem a formação complementar”, afirma Takahashi. Em ciências da computação, por exemplo, poderia haver uma estrutura que levasse ao diploma de bacharel, mas uma formação complementar poderia ser obtida, caso a matemática entre na mesma estrutura. Assim, o estudante se forma em computação, com formação extra em matemática ou vice-versa.
De acordo com o pró-reitor, a combinação de dois leques acolhe uma maior variedade de perfis profissionais. O interessante é que o duplo diploma poderia ser obtido no fim do tempo previsto da graduação, uma vez que a complementação substituiria parte das disciplinas hoje optativas do primeiro curso. Na hipótese de o universitário não se formar com diploma híbrido, poderia pedir a continuidade dos estudos em outro curso afim e, ao término de aproximadamente mais um ano, obteria o segundo diploma. Takahashi acredita que essa é a hipótese que mais agradará aos colegiados.
Outra possibilidade é que o universitário se forme bacharel interdisciplinar em algum campo do conhecimento – uma espécie de generalista – e, ao fim do curso, opte ou não pela especialização. O novo modelo abre portas ainda para quem deseja seguir na pós-graduação, dando oportunidade de fazer matérias optativas diretamente nessa outra fase, desde que seja um mestrado que tenha a ver com a área de origem. A grande vantagem é agilizar essa fase dos estudos depois do processo de seleção, uma vez que a disciplina poderá ser eliminada na pós. “O aluno passa a ter uma formação que vai exigir um ritmo mais intenso. Ele se forma biólogo, por exemplo, mas com um aprofundamento maior de visão.”
Porém, o novo modelo não vai abranger cursos que exijam prova de habilidades, caso da Escola de Artes, nem aqueles muito concorridos, caso da medicina. “A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na década de 1980, experimentou a entrada conjunta e passou alguns anos sem formar nenhum enfermeiro. Quando há casos com demanda enorme, essa configuração não pode ser aplicada, para não causar estrago nos dois lados”, explica o professor.
OCIOSIDADE Segundo o pró-reitor, a proposta foi motivada pelas vagas que ficaram ociosas depois do advento do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “Não é evasão. Estamos chamando de mobilidade precoce. No momento em que percebe que é outra coisa que queria, o estudante muda”, diz. Dados da UFMG mostram que 7% dos ingressantes mudam de curso todos os anos. Assim, a universidade se vê diante de uma vaga não preenchida, e também diante do não aproveitamento de todo um investimento já feito na formação do aluno, que não será aproveitado no novo curso.
Estudo feito pela Pró-reitoria de Graduação mostra que a maior parte das mudanças pelos alunos se dá entre cursos afins, como ocorreu em 2014, em que nove alunos que entraram em engenharia mecânica no primeiro semestre fizeram novamente o Sisu e, no semestre seguinte, ingressaram em engenharia de controle e automação. No mesmo período, 11 alunos que entraram em controle e automação fizeram o movimento inverso. “Isso resultou em 20 vagas do Sisu desocupadas”, lembra Ricardo Takahashi.
Outra constatação dos estudos da Pró-reitoria é que há hoje uma proliferação de alternativas de diplomas: somente a UFMG oferece mais de 70 denominações distintas de cursos. “Um estudante egresso do ensino médio, no momento do acesso à universidade, não dispõe de informações suficientes que lhe permitam distinguir com precisão as diferenças entre tais cursos, ou que permitam entender a adequação de cada opção às suas aspirações individuais”, afirma estudo do setor sobre o tema. Na avaliação da Prograd, sob o ponto de vista da formação dos estudantes (tanto aqueles que mudaram de opção de curso quanto aqueles que concluíram o curso inicialmente escolhido), o modelo de “currículo especializado” termina por constituir uma limitação significativa.
Isso porque a opção por expor o estudante a volumes crescentes de informação detalhada sobre sua especialidade entra em conflito com “habilidades que seriam capazes de orientar o futuro profissional na interpretação de fenômenos em um mundo de crescente complexidade”. A aposta é que o mercado, futuramente, exija formação com base em múltiplas capacidades.
COMO É HOJE
Atividade acadêmica curricular
“Estabelecemos um princípio: o aluno opta por um curso principal, que o vincularia na graduação. Uma hipótese é que dentro de cada um deles haja também um subconjunto de disciplinas que comportem a formação complementar”, afirma Takahashi. Em ciências da computação, por exemplo, poderia haver uma estrutura que levasse ao diploma de bacharel, mas uma formação complementar poderia ser obtida, caso a matemática entre na mesma estrutura. Assim, o estudante se forma em computação, com formação extra em matemática ou vice-versa.
De acordo com o pró-reitor, a combinação de dois leques acolhe uma maior variedade de perfis profissionais. O interessante é que o duplo diploma poderia ser obtido no fim do tempo previsto da graduação, uma vez que a complementação substituiria parte das disciplinas hoje optativas do primeiro curso. Na hipótese de o universitário não se formar com diploma híbrido, poderia pedir a continuidade dos estudos em outro curso afim e, ao término de aproximadamente mais um ano, obteria o segundo diploma. Takahashi acredita que essa é a hipótese que mais agradará aos colegiados.
Outra possibilidade é que o universitário se forme bacharel interdisciplinar em algum campo do conhecimento – uma espécie de generalista – e, ao fim do curso, opte ou não pela especialização. O novo modelo abre portas ainda para quem deseja seguir na pós-graduação, dando oportunidade de fazer matérias optativas diretamente nessa outra fase, desde que seja um mestrado que tenha a ver com a área de origem. A grande vantagem é agilizar essa fase dos estudos depois do processo de seleção, uma vez que a disciplina poderá ser eliminada na pós. “O aluno passa a ter uma formação que vai exigir um ritmo mais intenso. Ele se forma biólogo, por exemplo, mas com um aprofundamento maior de visão.”
Porém, o novo modelo não vai abranger cursos que exijam prova de habilidades, caso da Escola de Artes, nem aqueles muito concorridos, caso da medicina. “A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na década de 1980, experimentou a entrada conjunta e passou alguns anos sem formar nenhum enfermeiro. Quando há casos com demanda enorme, essa configuração não pode ser aplicada, para não causar estrago nos dois lados”, explica o professor.
OCIOSIDADE Segundo o pró-reitor, a proposta foi motivada pelas vagas que ficaram ociosas depois do advento do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “Não é evasão. Estamos chamando de mobilidade precoce. No momento em que percebe que é outra coisa que queria, o estudante muda”, diz. Dados da UFMG mostram que 7% dos ingressantes mudam de curso todos os anos. Assim, a universidade se vê diante de uma vaga não preenchida, e também diante do não aproveitamento de todo um investimento já feito na formação do aluno, que não será aproveitado no novo curso.
Estudo feito pela Pró-reitoria de Graduação mostra que a maior parte das mudanças pelos alunos se dá entre cursos afins, como ocorreu em 2014, em que nove alunos que entraram em engenharia mecânica no primeiro semestre fizeram novamente o Sisu e, no semestre seguinte, ingressaram em engenharia de controle e automação. No mesmo período, 11 alunos que entraram em controle e automação fizeram o movimento inverso. “Isso resultou em 20 vagas do Sisu desocupadas”, lembra Ricardo Takahashi.
Outra constatação dos estudos da Pró-reitoria é que há hoje uma proliferação de alternativas de diplomas: somente a UFMG oferece mais de 70 denominações distintas de cursos. “Um estudante egresso do ensino médio, no momento do acesso à universidade, não dispõe de informações suficientes que lhe permitam distinguir com precisão as diferenças entre tais cursos, ou que permitam entender a adequação de cada opção às suas aspirações individuais”, afirma estudo do setor sobre o tema. Na avaliação da Prograd, sob o ponto de vista da formação dos estudantes (tanto aqueles que mudaram de opção de curso quanto aqueles que concluíram o curso inicialmente escolhido), o modelo de “currículo especializado” termina por constituir uma limitação significativa.
Isso porque a opção por expor o estudante a volumes crescentes de informação detalhada sobre sua especialidade entra em conflito com “habilidades que seriam capazes de orientar o futuro profissional na interpretação de fenômenos em um mundo de crescente complexidade”. A aposta é que o mercado, futuramente, exija formação com base em múltiplas capacidades.
COMO É HOJE
Atividade acadêmica curricular
- Atividades de iniciação à docência, à pesquisa ou à extensão; atividades a distância; disciplinas; discussões temáticas; elaboração de monografia; estágio curricular; participação em eventos; seminários; vivência profissional complementar; outras, consideradas pelo colegiado relevantes para a formação do aluno.
Curso
- Diz respeito a uma figura que concentra as funções de: constituir a (única) fonte de vínculo do estudante com a universidade; constituir a estrutura na qual ocorre o ingresso do aluno na universidade; estabelecer um conjunto de regras que determinam a sequência das atividades a serem desenvolvidas pelo aluno – o currículo; atribuir um diploma ao estudante no momento em que este cumpre todas as regras previstas – a integralização curricular.
COMO FICA
Atividade acadêmica curricular
- Mantida
Estrutura formativa
- Está dividida em vários tipos e vai de uma formação fundamental até a avançada ou geral. Pela proposta, os alunos terão uma entrada comum em determinada área e, depois de alguns semestres, vão optar por um curso específico. Outra possibilidade é um curso de duração padrão de seis semestres, conduzindo a um diploma próprio da formação fundamental, tendo a denominação de bacharelado interdisciplinar – uma espécie de formação “generalista”. Ao final, o universitário pode optar ou não por um aprofundamento naquele curso.
- Os colegiados poderão optar ainda pela oferta de diploma híbrido, em que o estudante possa substituir disciplinas hoje optativas por uma formação complementar em um curso afim. Também há a possibilidade de fazer matérias optativas no mestrado.
Diplomas
- Serão organizados por grandes áreas do conhecimento (humanidades, saúde, ciência e tecnologia etc.), mais flexíveis, abrangentes e poderão não ter caráter profissional específico em alguns casos.