Desbravar uma infinidade de conhecimentos e se tornar cidadão do mundo. Atrás de um diploma que funciona como um verdadeiro passaporte sem prazo de validade, cresce em Belo Horizonte a procura e o número de matrículas nas escolas internacionais. A capital mineira abriga três delas e vai receber, ano que vem, a quarta instituição. O ingresso em estabelecimentos de ensino nos quais a “língua-mãe” é também um idioma estrangeiro aumentou e, muito, com porcentagens que ultrapassam dois dígitos. O aprendizado diferenciado, a conquista de dois diplomas na conclusão do ensino médio, o brasileiro e o de outro país, uma formação humana e o fim da “decoreba” são algumas das vantagens apontadas por quem fez essa escolha.
Na Escola Americana, no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH, havia 100 alunos há sete anos. Esse número mais que triplicou, saltando para 350, em 2016. A lista de espera tem quase a mesma quantidade de estudantes da escola: mais de 300 nomes. O gerente de marketing e de admissão da instituição, Rodolpho Araújo, diz que cresceu também a quantidade de reuniões diárias com potenciais famílias de novos alunos. Mas, ainda assim, ele considera que há um certo desconhecimento do conceito da escola internacional. “Muitas pessoas não sabem o que é e o que a diferencia de uma escola bilíngue. Há seis anos, a Escola Americana fez uma pesquisa e uma campanha para a população entender. Alguns achavam que era só para estrangeiros, outros, cursinho de inglês. Com a procura, as pessoas estão entendendo mais. Começou um boca a boca grande”, conta.
Ao mesmo tempo que cresce o interesse, vem o impasse da escola, que não quer perder seu clima familiar. As turmas têm, no máximo, 20 alunos. O diferencial do ensino tradicional brasileiro é outra característica apontada por Araújo: “O Enem acaba sendo uma das opções”. A metodologia usada na escola é compartilha por outras 4 mil instituições no mundo: o selo do bacharelado internacional. Feito por uma instituição suíça, ele determina a maneira de ensinar e cobrar os conteúdos e de valorizar as facetas comunicativas, ousadas, equilibradas, éticas, carinhosas e cuidadosas dos alunos. “Há uma preocupação muito forte com a formação do ser humano”, diz.
Atualmente, há 40% de estudantes estrangeiros de 20 nacionalidades diferentes. Além do inglês, eles estudam ainda espanhol e mandarim. “Os meninos crescem aqui sabendo que têm o mundo inteiro como opção. Para quem escolhe os Estados Unidos, a admissão nas universidades é direta, por causa do diploma norte-americano, validado pelo governo.
Diretora educacional da Maple Bear, Aparecida Carvalhaes confirma o aumento da procura por escolas internacionais. A instituição, com unidades nos bairros Gutierrez (Oeste de BH), Santa Lúcia (Centro-Sul) e no Alphaville, em Nova Lima, na região metropolitana, trabalha o programa brasileiro acoplado ao canadense. Há 10 anos em BH, ela está avançando série a série e, em 2017, terá turmas até o 8º ano do ensino fundamental. O colégio, que começou com 10 alunos na educação infantil, hoje tem 675. No último processo seletivo, feito on-line, as vagas para o ano que vem acabaram em questão de minutos. Segundo ela, houve crescimento de 13% no número de matrículas em relação ao ano passado. “A própria exigência do mercado para que o cidadão domine outro idioma leva os pais a essa procura. Além disso, há as razões da comunicação e do contato com o mundo e a globalização”, afirma.
Diferentemente da Escola Americana, que segue o calendário do hemisfério Norte, com ano letivo começando em agosto, na Maple Bear as aulas seguem o brasileiro para facilitar a vida de alunos que chegam de ou vão para outras escolas. “Trabalhamos numa visão da formação humana”, acrescenta Aparecida.
EUROPA Com o diploma da Fundação Torino, a escola italiana no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de BH, é possível escolher instituições europeias sem entrar na seleção feita para estrangeiros. A fundação também emite o diploma brasileiro. Além de alfabetizados em duas línguas, os meninos aprendem ainda inglês e espanhol. Os alunos podem pleitear intercâmbios sem alteração na grade curricular nem no tempo de escola. Para aqueles na faixa de 11 anos, é oferecida uma viagem educacional para conhecerem cidades na Itália e a rotina de uma escola daquele país.
De acordo com a diretora-geral, Márcia Naves, apenas 4% dos estudantes são estrangeiros. Anualmente, o aumento nas matrículas está em torno de 5% a 6%, controlado pelas vagas disponíveis. A fundação tem uma lista de espera, cujo número não é revelado. “Houve um fenômeno de crescimento nos últimos três anos e o que o deflagra é uma geração de pais que reconhecem a importância do filho ser realmente um cidadão do mundo”, diz.
ESCOLHA Funcionário público e psicólogo, Edilson Costa de Oliveira, de 51 anos, e a mulher dele, a médica Helenice Guedes Sant’Anna, de 52, decidiram, há cinco anos, tirar as filhas Isadora, de 14, e Sophia, de 12, de um tradicional colégio na Região Noroeste de BH e matriculá-las na Fundação Torino, a escola italiana localizada no Belvedere, na Região Centro-Sul da capital. Como as meninas não tinham conhecimento em italiano, fizeram aula particular para ajudar no processo de adaptação. Todos os dias, eles atravessam a cidade, partindo da Pampulha, e garantem que vale a pena. “Elas desenvolveram uma dinâmica própria de entendimento, de conhecimento e percepção do mundo e passaram a ver a escola de forma prática. Não tinham mais a pressão de decorar para passar no Enem. As escolas brasileiras, infelizmente, primam pelos resultados, que é o desempenho no exame nacional. Esse era nosso incômodo”, diz.
Edilson Oliveira aponta um aporte significativo no crescimento individual das filhas e considera que a escola internacional proporciona uma visão de mundo para além daquela que os estudantes de uma instituição de ensino brasileira tem. “Há um contexto e ênfase na cultura e multiculturalidade, que traz um enriquecimento extraordinário como aluno e pessoa. Há a possibilidade de um diploma europeu, que abre portas de universidades sem precisar de vestibular. Aprender a pensar, sem simplesmente decorar. Para as crianças é um crescimento que não tem preço, não tem trabalho que pague.”
Estreia com corrida por vaga
A procura por um colégio internacional que vai funcionar a partir de fevereiro dá a ideia da concorrência pelas vagas. Na primeira etapa seletiva do Coleguium Internacional, o mais novo da modalidade em Belo Horizonte, foram quase 1 mil inscritos para as cerca de 450 vagas que estarão disponíveis do ensino infantil ao médio. O interesse foi tanto que uma nova rodada será feita sábado. Diretor-geral da escola, uma das mais bem ranqueadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no país, Felippe Carsalade explica que a criação de um colégio internacional é fruto de estudos de tendências que aponta a exigência de adequar o ensino à globalização. “O aprendizado de uma segunda língua não é só se comunicar no exterior, pedindo uma pizza. Mas fazer negócios, estudar, compreender conteúdos acadêmicos e, efetivamente, se comunicar e fazer trocas de cultura com outros países”, afirma.
O braço internacional da escola vai trabalhar matérias que estão no currículo brasileiro e norte-americano, como marketing, economia, oratória e história daquele país. A proposta inclui um programa de high school (o ensino médio dos Estados Unidos), com um diploma emitido no fim pela escola parceira, a Universidade do Missouri, além do diploma certificado pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil. O programa será implantado gradativamente a partir do 1º ano do ensino fundamental, à medida que as séries avançarem. No caso do Coleguium, a prova para a admissão na high school será aplicada no 9º ano do nível fundamental. A ideia é deixar a 3ª série do ensino médio livre para os alunos se dedicarem ao Enem.
O corpo docente será composto por professores norte-americanos ou por brasileiros que moraram muitos anos nos Estados Unidos, que farão a ponte com professores da Universidade de Missouri. Carsalade explica que toda a instrução será dada em parceria com os professores do exterior. Numa aula de oratória, por exemplo, se um aluno grava um discurso, quem vai avaliar serão os docentes do país da América do Norte.
O diretor destaca que os alunos que quiserem fazer faculdade nos Estados Unidos não precisarão prestar exames admissionais exigidos para estrangeiros – o certificado Toefl e o SAT (o Enem de lá), por serem considerados egressos da high school. “O grande diferencial do programa como um todo é que o estudante tem o preparo da escola, um programa bilíngue com fluência e diploma americano, com matérias que não estão no currículo brasileiro. Ou seja, ele sai muito mais preparado para fazer a escolha do vestibular que quiser”, destaca Felippe Carsalade.
Na Escola Americana, no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH, havia 100 alunos há sete anos. Esse número mais que triplicou, saltando para 350, em 2016. A lista de espera tem quase a mesma quantidade de estudantes da escola: mais de 300 nomes. O gerente de marketing e de admissão da instituição, Rodolpho Araújo, diz que cresceu também a quantidade de reuniões diárias com potenciais famílias de novos alunos. Mas, ainda assim, ele considera que há um certo desconhecimento do conceito da escola internacional. “Muitas pessoas não sabem o que é e o que a diferencia de uma escola bilíngue. Há seis anos, a Escola Americana fez uma pesquisa e uma campanha para a população entender. Alguns achavam que era só para estrangeiros, outros, cursinho de inglês. Com a procura, as pessoas estão entendendo mais. Começou um boca a boca grande”, conta.
Ao mesmo tempo que cresce o interesse, vem o impasse da escola, que não quer perder seu clima familiar. As turmas têm, no máximo, 20 alunos. O diferencial do ensino tradicional brasileiro é outra característica apontada por Araújo: “O Enem acaba sendo uma das opções”. A metodologia usada na escola é compartilha por outras 4 mil instituições no mundo: o selo do bacharelado internacional. Feito por uma instituição suíça, ele determina a maneira de ensinar e cobrar os conteúdos e de valorizar as facetas comunicativas, ousadas, equilibradas, éticas, carinhosas e cuidadosas dos alunos. “Há uma preocupação muito forte com a formação do ser humano”, diz.
Atualmente, há 40% de estudantes estrangeiros de 20 nacionalidades diferentes. Além do inglês, eles estudam ainda espanhol e mandarim. “Os meninos crescem aqui sabendo que têm o mundo inteiro como opção. Para quem escolhe os Estados Unidos, a admissão nas universidades é direta, por causa do diploma norte-americano, validado pelo governo.
Diretora educacional da Maple Bear, Aparecida Carvalhaes confirma o aumento da procura por escolas internacionais. A instituição, com unidades nos bairros Gutierrez (Oeste de BH), Santa Lúcia (Centro-Sul) e no Alphaville, em Nova Lima, na região metropolitana, trabalha o programa brasileiro acoplado ao canadense. Há 10 anos em BH, ela está avançando série a série e, em 2017, terá turmas até o 8º ano do ensino fundamental. O colégio, que começou com 10 alunos na educação infantil, hoje tem 675. No último processo seletivo, feito on-line, as vagas para o ano que vem acabaram em questão de minutos. Segundo ela, houve crescimento de 13% no número de matrículas em relação ao ano passado. “A própria exigência do mercado para que o cidadão domine outro idioma leva os pais a essa procura. Além disso, há as razões da comunicação e do contato com o mundo e a globalização”, afirma.
Diferentemente da Escola Americana, que segue o calendário do hemisfério Norte, com ano letivo começando em agosto, na Maple Bear as aulas seguem o brasileiro para facilitar a vida de alunos que chegam de ou vão para outras escolas. “Trabalhamos numa visão da formação humana”, acrescenta Aparecida.
EUROPA Com o diploma da Fundação Torino, a escola italiana no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de BH, é possível escolher instituições europeias sem entrar na seleção feita para estrangeiros. A fundação também emite o diploma brasileiro. Além de alfabetizados em duas línguas, os meninos aprendem ainda inglês e espanhol. Os alunos podem pleitear intercâmbios sem alteração na grade curricular nem no tempo de escola. Para aqueles na faixa de 11 anos, é oferecida uma viagem educacional para conhecerem cidades na Itália e a rotina de uma escola daquele país.
De acordo com a diretora-geral, Márcia Naves, apenas 4% dos estudantes são estrangeiros. Anualmente, o aumento nas matrículas está em torno de 5% a 6%, controlado pelas vagas disponíveis. A fundação tem uma lista de espera, cujo número não é revelado. “Houve um fenômeno de crescimento nos últimos três anos e o que o deflagra é uma geração de pais que reconhecem a importância do filho ser realmente um cidadão do mundo”, diz.
ESCOLHA Funcionário público e psicólogo, Edilson Costa de Oliveira, de 51 anos, e a mulher dele, a médica Helenice Guedes Sant’Anna, de 52, decidiram, há cinco anos, tirar as filhas Isadora, de 14, e Sophia, de 12, de um tradicional colégio na Região Noroeste de BH e matriculá-las na Fundação Torino, a escola italiana localizada no Belvedere, na Região Centro-Sul da capital. Como as meninas não tinham conhecimento em italiano, fizeram aula particular para ajudar no processo de adaptação. Todos os dias, eles atravessam a cidade, partindo da Pampulha, e garantem que vale a pena. “Elas desenvolveram uma dinâmica própria de entendimento, de conhecimento e percepção do mundo e passaram a ver a escola de forma prática. Não tinham mais a pressão de decorar para passar no Enem. As escolas brasileiras, infelizmente, primam pelos resultados, que é o desempenho no exame nacional. Esse era nosso incômodo”, diz.
Edilson Oliveira aponta um aporte significativo no crescimento individual das filhas e considera que a escola internacional proporciona uma visão de mundo para além daquela que os estudantes de uma instituição de ensino brasileira tem. “Há um contexto e ênfase na cultura e multiculturalidade, que traz um enriquecimento extraordinário como aluno e pessoa. Há a possibilidade de um diploma europeu, que abre portas de universidades sem precisar de vestibular. Aprender a pensar, sem simplesmente decorar. Para as crianças é um crescimento que não tem preço, não tem trabalho que pague.”
Estreia com corrida por vaga
A procura por um colégio internacional que vai funcionar a partir de fevereiro dá a ideia da concorrência pelas vagas. Na primeira etapa seletiva do Coleguium Internacional, o mais novo da modalidade em Belo Horizonte, foram quase 1 mil inscritos para as cerca de 450 vagas que estarão disponíveis do ensino infantil ao médio. O interesse foi tanto que uma nova rodada será feita sábado. Diretor-geral da escola, uma das mais bem ranqueadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no país, Felippe Carsalade explica que a criação de um colégio internacional é fruto de estudos de tendências que aponta a exigência de adequar o ensino à globalização. “O aprendizado de uma segunda língua não é só se comunicar no exterior, pedindo uma pizza. Mas fazer negócios, estudar, compreender conteúdos acadêmicos e, efetivamente, se comunicar e fazer trocas de cultura com outros países”, afirma.
O braço internacional da escola vai trabalhar matérias que estão no currículo brasileiro e norte-americano, como marketing, economia, oratória e história daquele país. A proposta inclui um programa de high school (o ensino médio dos Estados Unidos), com um diploma emitido no fim pela escola parceira, a Universidade do Missouri, além do diploma certificado pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil. O programa será implantado gradativamente a partir do 1º ano do ensino fundamental, à medida que as séries avançarem. No caso do Coleguium, a prova para a admissão na high school será aplicada no 9º ano do nível fundamental. A ideia é deixar a 3ª série do ensino médio livre para os alunos se dedicarem ao Enem.
O corpo docente será composto por professores norte-americanos ou por brasileiros que moraram muitos anos nos Estados Unidos, que farão a ponte com professores da Universidade de Missouri. Carsalade explica que toda a instrução será dada em parceria com os professores do exterior. Numa aula de oratória, por exemplo, se um aluno grava um discurso, quem vai avaliar serão os docentes do país da América do Norte.
O diretor destaca que os alunos que quiserem fazer faculdade nos Estados Unidos não precisarão prestar exames admissionais exigidos para estrangeiros – o certificado Toefl e o SAT (o Enem de lá), por serem considerados egressos da high school. “O grande diferencial do programa como um todo é que o estudante tem o preparo da escola, um programa bilíngue com fluência e diploma americano, com matérias que não estão no currículo brasileiro. Ou seja, ele sai muito mais preparado para fazer a escolha do vestibular que quiser”, destaca Felippe Carsalade.