Candidatos de 21 municípios de Minas Gerais farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no mês que vem em razão das ocupações realizadas em escolas, universidades e entidades públicas. Em cinco deles, 7.044 inscritos tiveram a prova suspensa entre a noite de sexta-feira e a manhã de ontem. Como não houve tempo hábil para a notificação pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vários inscritos foram pegos de surpresa.
Pelo interior do estado, 66 locais previstos para a realização do teste foram ocupados por estudantes em protesto à PEC do Teto, que congela gastos federais por um período de 20 anos.
Uma das últimas cidades mineiras a entrar na lista foi Mariana, na Região Central de Minas. As provas foram canceladas em três instituições de ensino: Instituto de Ciências Sociais e Instituto de Ciências Humanas, ambos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), e a Escola Estadual Dom Silvério.
Na escola estadual estão quase 200 alunos desde a última terça-feira. “Seria local do Enem, mas as provas foram adiadas”, disse a estudante Suzy Damatta. Segundo ela, outras escolas também deverão ser ocupadas.
Nesse sábado, os portões da instituição onde 264 inscritos fariam o Enem foram mantidos fechados, e os alunos que permaneciam na instituição estavam preocupados com a segurança. Segundo eles, candidatos revoltados com o adiamento das provas jogaram pedras e bombinhas dentro da escola, fazendo ameaças aos integrantes da ocupação.
Os estudantes estão dormindo em salas de aula, homens separados das mulheres, e as refeições são preparadas por eles mesmos, com mantimentos doados por familiares e outros apoiadores da causa.
Um aplicador do Enem foi deslocado para a porta da escola estadual para avisar aos candidatos que chegavam para as provas e não sabiam do adiamento. Um aviso aos inscritos, assinado pela presidente do Inep, Maria Inês Fini, também foi anexado na entrada, comunicando sobre o adiamento para dezembro.
Além da escola em Mariana, entraram na nova lista do Enem divulgada ontem uma em Ribeirão das Neves, em Pirapora e também o Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros, no Norte de Minas, além do câmpus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro.
Em Uberlândia, o adiamento de última hora atingiu 5.368 estudantes que fariam provas na UFU. Para aqueles que puderam fazer o Enem ontem, a Secretaria de Trânsito e Transportes (Settran) disponibilizou linhas especiais de ônibus. Até a sexta-feira, a prova já havia sido adiada para 13.528 inscritos para fazer o teste em escolas públicas da cidade e nos municípios de Ituiutaba, Uberaba e Paracatu.
JUSTIÇA
Alunos da Escola Estadual David Campista, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, decidiram na manhã de ontem desocupar o prédio, colocando em prática acordo firmado com a Justiça. No início da semana, lideranças da ocupação haviam se comprometido a desocupar o local em tempo hábil para a realização da prova, mas o Ministério da Educação optou por manter o adiamento, por questão de segurança. A escola foi a primeira a aderir ao protesto na região.
Também foram ocupados prédios na Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) e de Lavras (Ufla-MG), mas os testes não foram suspensos.
No fim da tarde de sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizaram ação civil pública para que a Justiça Federal obrigasse a União e o Inep a manterem a realização das provas do Enem para todos os inscritos no estado, ainda que o local programado para a realização das provas esteja ocupado por estudantes. Não houve decisão da Justiça sobre o pedido. (Com agências)