Uma pesquisa internacional realizada em 70 países revelou um quadro preocupante sobre a educação no Brasil e em Minas Gerais. Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) divulgados ontem a partir de testes de matemática, ciências e leitura com estudantes de 15 anos mostraram que o país ocupa uma das piores posições entre as nações pesquisadas pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE): a melhor colocação foi em 59º lugar (com 407 pontos) em leitura. Em ciências, os alunos brasileiros obtiveram a 63ª posição (401 pontos) e em matemática ficaram na 65ª posição (377 pontos), à frente apenas de Macedônia, Tunísia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. Nas três áreas, as notas do Brasil pioraram em relação aos testes realizados em 2012 e em 2009.
Para o professor Cláudio Márcio Magalhães, doutor em educação e pesquisador do Centro Universitário Una, os resultados da pesquisa são um reflexo do momento que o país vive. “Não é surpresa que, em relação à edição anterior, ocorra uma queda da pontuação. A educação é o principal pilar do país e está impactada pela atual situação da política e da economia”, opina.
Para Magalhães, é necessária uma política pública para o setor e não apenas ações pontuais. “É preciso considerar a educação como prioridade nacional. Não é valorizar professor e sala de aula, se o aluno não tem como chegar à escola”, acrescenta. “Talvez essa queda seja uma coisa boa, para que ninguém se reconforte com uma pontuação de 0,2 ou 0,3 acima da obtida na edição anterior do programa”, sugeriu. Quanto à estabilização de Minas Gerais dentro do cenário nacional, Cláudio foi lacônico: “É como se destacar dentro daquilo que está ruim, ou seja, ser menos ruim”.
José Francisco Soares, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), considerou que o resultado ressaltou problemas da educação brasileira. “O quadro que o Pisa apresenta é o mesmo que conhecemos por meio do Enem e da Prova Brasil aqui no país: nosso sistema de educação está em dificuldades para garantir o direito de aprender da criança e do jovem. A educação precisa acordar para o fato de que crianças e jovens não estão tendo direito ao aprendizado”, pontuou Soares.
DIFERENÇAS A pesquisa apontou ainda grande diferença nas notas entre as redes públicas (federal, estadual e municipal) e privada de ensino no país. Em ciências, por exemplo, a média da rede federal foi de 517 pontos, seguida pela particular, com 487. As redes estaduais tiveram média de 394 e as municipais, 329. A média dos países-membros da OCDE é de 493 pontos.
GÊNERO Além das discrepâncias entre as notas das escolas, a pesquisa recorta a diferença de desempenho entre meninos e meninas. Elas tiveram um desempenho menor do que o dos meninos em ciências e matemática. Já em leitura, meninas tiveram desempenho superior. De acordo com o relatório do programa e especialistas em educação, a diferença se deve ao comportamento e estereótipos de gênero.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação de Minas Gerais, mas a assessoria de imprensa informou que ainda não havia analisado os dados divulgados pela OCDE .
Ideb mostra estagnação
Em setembro deste ano, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 apontou que a qualidade do ensino médio estagnou no Brasil nos últimos quatro anos. A marca de 3,7, a mesma desde 2011, ficou distante da meta de 4,7. O agravante, é que desde 2013 os números não atingem a média estipulada pelo MEC. Situação também complicada em Minas Gerais, já que além de não atingir a meta nos últimos quatro anos, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio segue em queda. A última vez que a meta do ensino médio foi cumprida no país, em 2011, o indicador era de 3,7. Como o Ideb é bienal, as metas seguintes eram de 3,9 em 2013 e de 4,3 em 2015, mas o índice se manteve em 3,7. Em Minas Gerais, o último indicador dos alunos do ensino médio também foi de 3,7, apesar de a marca estipulada pelo MEC ser de 4,7.
Para o professor Cláudio Márcio Magalhães, doutor em educação e pesquisador do Centro Universitário Una, os resultados da pesquisa são um reflexo do momento que o país vive. “Não é surpresa que, em relação à edição anterior, ocorra uma queda da pontuação. A educação é o principal pilar do país e está impactada pela atual situação da política e da economia”, opina.
Para Magalhães, é necessária uma política pública para o setor e não apenas ações pontuais. “É preciso considerar a educação como prioridade nacional. Não é valorizar professor e sala de aula, se o aluno não tem como chegar à escola”, acrescenta. “Talvez essa queda seja uma coisa boa, para que ninguém se reconforte com uma pontuação de 0,2 ou 0,3 acima da obtida na edição anterior do programa”, sugeriu. Quanto à estabilização de Minas Gerais dentro do cenário nacional, Cláudio foi lacônico: “É como se destacar dentro daquilo que está ruim, ou seja, ser menos ruim”.
José Francisco Soares, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), considerou que o resultado ressaltou problemas da educação brasileira. “O quadro que o Pisa apresenta é o mesmo que conhecemos por meio do Enem e da Prova Brasil aqui no país: nosso sistema de educação está em dificuldades para garantir o direito de aprender da criança e do jovem. A educação precisa acordar para o fato de que crianças e jovens não estão tendo direito ao aprendizado”, pontuou Soares.
DIFERENÇAS A pesquisa apontou ainda grande diferença nas notas entre as redes públicas (federal, estadual e municipal) e privada de ensino no país. Em ciências, por exemplo, a média da rede federal foi de 517 pontos, seguida pela particular, com 487. As redes estaduais tiveram média de 394 e as municipais, 329. A média dos países-membros da OCDE é de 493 pontos.
GÊNERO Além das discrepâncias entre as notas das escolas, a pesquisa recorta a diferença de desempenho entre meninos e meninas. Elas tiveram um desempenho menor do que o dos meninos em ciências e matemática. Já em leitura, meninas tiveram desempenho superior. De acordo com o relatório do programa e especialistas em educação, a diferença se deve ao comportamento e estereótipos de gênero.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação de Minas Gerais, mas a assessoria de imprensa informou que ainda não havia analisado os dados divulgados pela OCDE .
Ideb mostra estagnação
Em setembro deste ano, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 apontou que a qualidade do ensino médio estagnou no Brasil nos últimos quatro anos. A marca de 3,7, a mesma desde 2011, ficou distante da meta de 4,7. O agravante, é que desde 2013 os números não atingem a média estipulada pelo MEC. Situação também complicada em Minas Gerais, já que além de não atingir a meta nos últimos quatro anos, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio segue em queda. A última vez que a meta do ensino médio foi cumprida no país, em 2011, o indicador era de 3,7. Como o Ideb é bienal, as metas seguintes eram de 3,9 em 2013 e de 4,3 em 2015, mas o índice se manteve em 3,7. Em Minas Gerais, o último indicador dos alunos do ensino médio também foi de 3,7, apesar de a marca estipulada pelo MEC ser de 4,7.