Estudantes que realizaram o último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tiveram um estresse extra no fim da maratona. Hackers trocaram senhas de contas de participantes do teste e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mudando os cursos escolhidos por vestibulandos minutos antes do fim do prazo de inscrição, no último domingo, 29. O MEC confirmou que está ciente dos relatos de invasões e investiga os casos com uma equipe de tecnologia da informação, responsável pelo site do Sisu.
A fraude afetou estudantes que disputavam vagas de cursos concorridos e tiveram suas opções modificadas para graduações completamente diferentes das pretendidas. Logo no primeiro dia das inscrições do Sisu, Manoela Carvalho, de 22 anos, escolheu o curso de ciências biológicas, como primeira opção, e química, como segunda, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Na hora de conferir os resultados, a jovem levou um susto ao ver que, faltando dois minutos para o fim do processo seletivo, haviam mudado seus cursos para educação física em São Luiz, no Maranhão, assinalando que ela era portadora de deficiência física, e biomedicina na Universidade Federal do Pará. “Quando fui acessar o resultado pela primeira vez, dava que minha senha estava incorreta. Então recuperei a senha colocando apenas o CPF, nome da mãe, cidade onde moro e a data de nascimento. O site não tem segurança, não pede confirmação nem nada”, disse Manoela, revoltada.
O estudante de Ribeirão Preto Thales Voltolini, de 21, também teve o curso alterado pelos hackers. A ação dos criminosos foi similar:“Entrei e me inscrevi no primeiro dia. Fui dormir e no dia seguinte já percebi que não estava conseguindo entrar no meu usuário. Inicialmente, achei que era um problema geral no sistema. Mas o transtorno se repetiu por mais dois dias, até que alterei a minha senha e o usuário entrou”, contou. Para a surpresa do jovem, que até então teria se inscrito em medicina na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), teve uma das opções alterada para Universidade Federal de Goiás (UFG), no Campus Jataí, na modalidade cotista.
O MEC informou, por meio de nota, ter sido informado apenas por meio da imprensa sobre o problema, que classificou como pontual. Destacou que a senha é “sigilosa e só pode ser alterada pelo candidato ou por alguém que tenha acesso indevidamente” a seus dados, afirmando que “casos individuais que forem identificados e informados como suposta mudança indevida de senha e violação de dados” serão remetidos à Polícia Federal.