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Arrogância, impaciência e ansiedade são os maiores defeitos da geração YPM reforça efetivo e monitoramento por câmeras será ampliado na UFMGOnda de assaltos no câmpus Pampulha é reflexo da crise na UFMGUso abusivo de Ritalina para aumentar concentração é perigo para a saúdeMortes de estudantes em BH alertam para excesso de cobrança e medo do fracassoMinas Gerais perde três universidades no ranking das melhores do mundoCenso da Educação Superior aponta crescimento do ensino à distânciaAcidente com carreta e moto deixa um morto na BR-040Alunos da pós-graduação reclamam de abandono e autoritarismo na UFMGA professora afirma que, depois que os casos começaram a vir a público, o clima passou a ser de alerta. “Estamos muito preocupados com a tensão dentro da universidade, com a saúde não só dos estudantes, mas também de professores e técnicos administrativos. As exigências no mundo acadêmico cresceram e temos que aprender a lidar com elas”, disse, citando as cobranças das agências de financiamento de pesquisa, além de outras questões, como a atual crise financeira que as federais enfrentam. “Estamos em um momento de sucateamento do ensino público gratuito, o que também produz muito mal-estar”, afirmou.
Tensão que os estudantes dizem enfrentar com dor e sofrimento. Uma dessas alunas, que concluiu o mestrado recentemente, conta sua experiência de frustração, que terminou com uso de antidepressivos e ansiolíticos. “Antes de entrar, eu tinha uma expectativa muito grande de que o mestrado seria um espaço de aprendizado e troca de conhecimento. E, na verdade, não foi isso o que aconteceu, porque havia uma distância muito grande entre orientador e aluno.
A estudante, que prefere não se identificar, afirma ainda que ao mesmo tempo em que se sentia abandonada por sua orientadora, enfrentava outra pressão: “Os prazos eram curtos, as exigências, muitas, e os resultados, cobrados muitas vezes de forma grosseira, ríspida, sem flexibilidade. Eu só concluí porque busquei ajuda psicológica fora da universidade”, disse. Mas, para isso, a aluna disse ter pago um preço alto. “Passei a fazer uso de antidepressivos regularmente, durante o último ano do curso, e continuo a usar.
Segundo a aluna, ela e uma colega chegaram a procurar a coordenação do mestrado para fazer uma queixa formal sobre a orientadora que, posteriormente, as questionou sobre a reclamação, na frente de outros estudantes. “Sofremos retaliação da orientadora por causa disso. Ela nos causou constrangimento. O que nos pareceu é que a coordenação sabe do problema e não faz nada”, disse.
'VOCÊ É DOENTE' Em outro caso, foram as represálias de uma orientadora, iniciadas por causa de um problema de saúde de uma aluna, que resultaram na desistência do tão sonhado título de doutora. A estudante conta que, depois de uma crise neurológica dentro de um dos laboratórios da UFMG, ela passou a ser discriminada pela professora. “Ela disse que eu não merecia ter título nenhum, porque eu era uma pessoa doente”, desabafa, dizendo que a partir daí os problemas se multiplicaram.
“Por causa do meu problema de saúde, eu precisava usar máscara e luva. Mas eu nunca tinha permissão, porque isso era tratado como chilique meu. Depois, meu trabalho não estava dando certo e ela resolveu mudar minha pesquisa por conta própria. No fim de um dos anos do doutorado, eu tirei férias, e quando voltei ela disse que não iria mais trabalhar comigo.
A estudante conta que foram três anos de uso de medicação e que chegou, inclusive, a fazer uma reclamação formal à coordenação do doutorado, mas diz que a orientadora rebateu a queixa, desqualificando a estudante, que chegou a se afastar do curso. “Quando voltei, tinha ainda mais dados incertos em minha tese, que ela havia incluído. Naquela altura ela não conversava mais comigo, me mandava e-mails desaforados. A situação ficou insustentável e ao final, fui jubilada”, detalhou a aluna, referindo-se à expulsão por excesso de prazo de estudo.
Mesmo diante da oportunidade de fazer uma prova para retomar a pesquisa, a estudante diz ter chegado à conclusão de que não queria mais voltar. “Nem mesmo a reclamação formal que eu queria fazer à reitoria eu fiz, de tão cansada e esgotada que estava com todo o processo. Não quero nem passar perto daquela universidade.