A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prepara-se para concluir sindicância, aberta no ano passado, para apurar possíveis fraudes no sistema de ingresso de estudantes por cotas raciais em vários cursos, entre eles a disputada graduação em medicina. O levantamento do perfil dos alunos começou a ser feito a partir de matéria publicada pelo Estado de Minas, em abril de 2016, sobre denúncias feitas por movimentos negros. A instituição, que também recebeu denúncias em sua ouvidoria, vai começar no ano que vem a discutir junto a escolas de ensino médio sobre a Lei de Cotas e a exigir uma declaração por escrito de quem se autodefinir como negro ou pardo.
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Brancos ingressam no curso de medicina da UFMG em cota para negrosPUC Minas confirma oitavo câmpus no Alphaville, em Nova LimaRegulação de cotas raciais é desafio para o ensino superiorMinistério Público Federal investiga suspeita de fraude em cotas raciais na UFMGDA de medicina da UFMG cobra investigação de fraude nas cotas para negrosA UFMG declarou na época ter como checar eventuais fraudes relacionadas ao ensino em escola pública e relativo à renda, que dão direito a condições diferenciadas para ingresso na federal. Verificado algum problema com esses critérios, o candidato perde automaticamente a vaga, e outra pessoa é convocada para seu lugar. Embora a autodeclaração em relação ao perfil étnico esteja prevista em lei, a UFMG passará a exigir, no ano que vem, uma declaração escrita dos estudantes candidatos, informando por que eles entendem fazer parte de determinado grupo.
Ontem, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem informando que alunos brancos estão ingressando no curso de medicina da UFMG fazendo uso indevido do sistema de cotas da instituição, criado em 2009.
O pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis da UFMG, professor Rodrigo Edmilson de Jesus, informa que a sindicância sobre possíveis fraudes no sistema de cotas raciais, cujos resultados serão divulgados ainda este ano, implica coleta de dados e escuta de denunciados, entre outras questões. “Como está em andamento e em sigilo, não podemos informar nem quem participa do processo”, disse Rodrigo Edmilson. Segundo ele, denúncias sobre o assunto foram feitas à Ouvidoria da UFMG. “O objetivo da sindicância é verificar se há desinformação ou má fé”, disse.
PROCESSO EDUCATIVO Sobre a iniciativa da UFMG de discutir a Lei de Cotas no ensino médio, o pró-reitor da UFMG explicou que se trata de um processo educativo: “Vamos instaurar um debate sobre a declaração e autodeclaração irresponsáveis, exatamente para evitar fraudes no ingresso à universidade. Afinal, o principal papel da UFMG é compartilhar com a sociedade o acúmulo de pesquisa. O diálogo é fundamental para não precisar chegar ao ponto de uma sindicância”.
Certo de que a meta é o aprimoramento da política pública, Rodrigo Edmilson conta que a reserva de vagas é uma modalidade de ação afirmativa, pois a meta é criar condições igualitárias para grupos submetidos a processos históricos de falta de acesso à universidade. “Há também campanhas para que os cotistas se sintam orgulhosos.