O país tem ainda um longo caminho a percorrer para conseguir alfabetizar os pequenos brasileiros. Aos 8 anos, quando os estudantes estão no 3º ano do ensino fundamental, deveriam ler e compreender textos plenamente, escrever com desenvoltura, além de dominar os primeiros ensinamentos da matemática. Mas, conforme mostra a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), divulgada ontem pelo Ministério da Educação (MEC), mais da metade dos alunos na escola pública ainda têm conhecimento insuficiente em escrita e nos números nessa fase da vida escolar. Nesse cenário, embora com índices mínimos, Minas Gerais se destaca com o maior percentual de estudantes com nível desejado de leitura e escrita. Na matemática, 60% estão longe desse patamar.
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Minas tem quatro vencedores regionais no Prêmio Itaú-UnicefInep divulga Cartilha da Redação para quem vai disputar uma vaga no EnemMais da metade das crianças no 3º ano não sabe fazer conta de adição e subtraçãoOs alunos de Minas Gerais ocupam a primeira posição em leitura – 62,35% têm nível suficiente, dos quais 23,29% chegaram ao nível desejável.
A superintendente de Avaliação Educacional da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Geniana Guimarães Faria, ressalta que a boa notícia é a redução do desvio-padrão os estudantes. “Estamos conseguindo diminuir a quantidade de alunos no nível elementar. Mais que verificar o percentual de alunos no nível desejado, o que chama a atenção é termos diminuído o intervalo entre os que sabem menos e os que sabem mais. O grande safio é não deixar ninguém para trás”, afirma.
Os resultados ruins em leitura levaram, há dois anos, a discussões na Escola Municipal Marphiza Magalhães Santos, em Santa Bárbara, na Região Central de Minas. Na época, foi criada a roda literária para aproximar autores das crianças.
O gênero rendeu frutos. Na semana passada, a ação cademia de Letras Infantojuvenil em Escola Pública, feita em parceria com a Academia Brasileira de Autores Aldravianos Infantojuvenil, foi selecionada na etapa regional da 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef, cujo objetivo é reconhecer e estimular as parcerias entre Organizações da Sociedade Civil e escolas públicas no desenvolvimento de ações socioeducativas que ampliem tempos, espaços e conteúdo de aprendizagem para crianças e adolescentes na faixa etária dos 6 aos 18 anos.
Palavra de especialista
Sonia Barbosa Dias, coordenadora na Gerência de Programas da Fundação Itaú Social
Defasagem que se acumula
“O fato de o nível de leitura e conhecimento da matemática das crianças até 8 anos se mostrar tão desafiador só reforça a necessidade de avançar para uma educação de maior qualidade como um todo e, nesse caso, na educação infantil e séries iniciais. Uma criança de 8 anos que tem dificuldade para ler textos escolares e resolver problemas básicos de matemática não é prejudicada apenas nessas disciplinas, mas tende a acumular defasagens de aprendizagem em outras. Sem falar no seu acesso a outras manifestações da língua escrita e de solução de problemas. É preciso cuidar para que as crianças nessa faixa etária possam avançar e superar suas dificuldades escolares com apoio de seus professores e comunidade escolar, mas para isso também é preciso olhar para que o docente possa diferenciar estratégias e acompanhar esses alunos. Além disso, é preciso destacar que as defasagens de aprendizagem que podemos encontrar em outros níveis de ensino como o fundamental e o ensino médio têm origem nos momentos anteriores da escolarização.”.