Jornal Estado de Minas

No Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça escolas que tornaram o assunto disciplina obrigatória

- Foto: Arquivo Inov/Divulgação
Cuidar da natureza sempre esteve nos ensinamentos de qualquer sala de aula que se preze. Mas, numa era na qual meio ambiente se tornou agenda de discussões, mobilizando até mesmo líderes mundiais, o assunto deixou de ser apenas um capítulo dos livros de ciências para virar, em muitas escolas, parte do currículo efetivamente. Em Belo Horizonte e região metropolitana, os estabelecimentos de ensino investem cada vez mais na formação de crianças e adolescentes voltada para um aprendizado prático e para além dos muros dos colégios.

Um colégio de Nova Lima, na Grande BH, tem até diretoria de ecologia. O projeto nasceu de um grupo de pais e professores do Instituto Ouro Verde (Inov), que se perguntavam que escola queriam. A partir daí, veio a disciplina de agroecologia. “A imagem da agroecologia na escola é a imagem da casa, desde seu sentido mais comum: onde moro, mas também o bairro onde moro, a cidade em que vivo e o meu corpo”, conta a diretora de ecologia da associação mantenedora do Inov, Isabel Stewart. São três as linhas de trabalho: a agroecologia como disciplina e possibilidade de contato com a terra, alimentação e gestão de resíduos.

Na primeira frente, o trabalho avança de acordo com a idade e a maturidade dos alunos. Envolta pela Mata do Jambreiro, os pequeninos têm a oportunidade de desenvolver uma relação de afeto, num trabalho de observação e concentração, que evolui para itens mais técnicos entre os mais velhos, como plantio e tipos de agricultura.
Na segunda frente, a abertura e inovação do paladar são alguns dos pontos-chave.  “A forma como cuido da terra deve ser coerente como a maneira que cuido de mim: o impacto da alimentação do meu corpo e o impacto que gera nesse mundo de fora”, diz Isabel.



Por fim, o entendimento do lixo produzido e onde se pode diminuir, considerando o aspecto da separação e reciclagem. “Não usamos na escola nenhum tipo de descartável, sempre procurando outras estratégias. E todo resíduo orgânico produzido retorna para a terra em forma de composto”, explica. “No colégio, meio ambiente não é um evento no ano. Vale o tempo todo, percebendo como podemos conviver melhor em vários níveis em relação à natureza. Não há como conceber qualidade de vida se não olharmos para essas questões.”

No Colégio Unimaster, no Bairro Buritis, Região Oeste de BH, pesquisas sobre sustentabilidade estão a cargo das crianças da educação infantil, num trabalho iniciado com a inserção dos aquários com peixes-beta. Gold, Jorge e Fofinho ensinaram às crianças o cuidado com os animais aquáticos.
“Esse cuidado expandiu a curiosidade das crianças em relação ao respeito ao meio ambiente, o que ampliou o olhar delas, para que percebam que para o mundo funcionar bem, cada um deve fazer a sua parte”, afirma a coordenadora Drielen dos Santos.

FORÇA DO BEM Também são fruto de reflexões o Gteias e a Plataforma Terráqueos, dois projetos do Colégio Santo Agostinho. O primeiro ocorre em todas as unidades da Sociedade Inteligência e Coração (SIC), mantenedora da instituição de ensino, e o segundo, na unidade de Contagem, na Grande BH. A plataforma foi criada em 2011, nos 35 anos do estabelecimento, como forma de um presente para a sociedade em três eixos: pessoas, planeta e animais. “Percebia muitas pessoas na comunidade com vontade de fazer algo por um desses três eixos, mas faltava um ponto de convergência, algo que poderia unir e aproveitar a força da escola para o bem”, relata a diretora da unidade Contagem, Aleluia Heringer.

Assim, em todo o colégio, alunos participaram da criação da delegacia de proteção aos animais, se engajam em coleta seletiva, no mutirão do resíduo eletrônico, do dia sem sapato (quando todos ficam descalços para simbolicamente aprenderem sobre compaixão) e até limpeza do Parque Fernão Dias. “O cuidado com pessoas, meio ambiente e animais tem que sair do discurso. No discurso todo mundo é verde, mas é preciso prática. Crianças e jovens precisam se engajar em grandes causas”, defende.

Segundo Aleluia, é notável o quanto os estudantes da geração plataforma chegam ao ensino médio com outra percepção. “Eles têm outra forma de lidar com a natureza e um discurso da causa animal totalmente diferente.
E é fruto do trabalho que a educação pode fazer”, diz. A teia se expandiu e o objetivo é chegar a 100% dos colaboradores da SIC..