A paixão por ensinar e a vontade de transmitir o conhecimento são o que impulsionam a escolha em seguir a carreira de mestre, comemorada hoje.
Receber os alunos de braços abertos não é algo tão simples, é vocação. Vontade de fazer a diferença, influenciar a vida do ser humano desde pequeno, fazer parte do desenvolvimento da sociedade e ajudar na formação de caráter são algumas das razões que motivam os professores em acreditar na profissão e enfrentar os desafios diários.
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que são mais de 2,2 milhões de professores dando aula na educação básica brasileira. Mas o cenário da educação no país não é homogêneo. E, por isso, cada professor sabe bem os triunfos e fracassos do seu dia a dia.
Além da velha discrepância entre ensino público e privado, cada região brasileira apresenta particularidades, o que faz desses mestres heróis da sua própria realidade.
Segundo pesquisa do Ibope que traça um perfil dos educadores no Brasil, dois terços deles são do sexo feminino, com uma média de idade de 43 anos e 17 de carreira.
É semelhante ao da professora Denise Montandon. Com 41 anos de idade e 20 de carreira, ela leciona no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte. A professora, que dá aulas para alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental, diz que não se arrepende de ter escolhido a profissão e lembra o que a levou a seguir a carreira. “Eu escolhi por idealismo, por vontade de fazer algo bom pelo mundo, por sentir que algo bom poderia ser ensinado aos seres humanos desde pequenos. Eu sempre pensei que as crianças precisavam ser bem formadas. E quando eu percebi isso dentro de mim, tive toda a motivação do mundo para ser professora”, conta Montandon.
Conhecimento
Já para o professor de biologia de uma escola particular Sílvio Augusto Miranda, o caminho foi um pouco diferente. Miranda, que dá aulas para o 2º e 3º anos do ensino médio, começou a graduação estudando veterinária na Universidade de Brasília (UnB). E foi justamente na faculdade que ele encontrou sua vocação. “Durante o curso, eu fui participando das monitorias e, no fim da graduação, eu decidi que, além de atuar na área, queria dar aulas, e fiz a licenciatura em biologia. Foi o gosto de ajudar outros colegas na faculdade e de compartilhar conhecimento que me trouxe a vontade de ser professor”, relembra.
A vontade de lecionar também pode pulsar no sangue de várias gerações. Professora há quase 30 anos, Cristiane Foly de Freitas, 47, é filha de pedagoga e se emociona ao falar do filho, que também decidiu seguir a profissão. “Ele é formado em estatística. Mas, um dia, ele falou para mim que queria ser professor. No início, eu me espantei, porque a gente sabe que a nossa profissão é muito difícil, mas eu fiquei tão feliz. Jamais deixaria de recomendar minha profissão, ainda mais ao meu filho”, diz.
A coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, afirma que o professor faz parte da base do cenário educacional, por isso, tem extrema importância social. “Ele é uma figura central da qualidade educacional. Se o professor não está presente, não há educação. Esses profissionais viram verdadeiros heróis, porque enfrentam situações complexas, muitas vezes, sem apoio”, comenta Otero.