Controlar o emocional e diminuir a ansiedade. Na véspera do grande dia, estão dadas as chaves para se dar bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Seguir essa receita é garantir tempo para a mente descansar, antes de um esforço intenso a ser feito durante o teste. Além de não comprometer uma das habilidades mais requeridas amanhã: a atenção. Esta semana, escolas diminuíram o ritmo de estudos para pegar pesado em atividades cujo único objetivo era a descontração. Afinal, com o preparo técnico e teórico em status de missão cumprida, trabalhar o lado das emoções é um dos caminhos mais promissores de fazer os candidatos acreditarem no potencial de cada um deles.
Coordenadora do curso de pós-graduação em neurociências aplicada à educação do Centro Universitário UNA, Isabel Pimenta diz que é hora de se conectar consigo mesmo. “Pensar em alguma música, tirar um tempo para fazer uma caminhada e não se concentrar muito tempo nos estudos. A neurociência diz que se o cérebro estiver muito exausto não consegue assimilar nada”, afirma.
Outro ponto é a ansiedade, uma parte sensível que pode comprometer a atenção. “É importante fazer a gestão da ansiedade. O candidato precisa sair um pouco desse ambiente que o lembre de Enem e estudo. Se vinha estudando 10 horas, esse ritmo tem que ser interrompido. É fundamental dar um descanso para o cérebro nesta reta final para que, na hora do teste, ele esteja recuperado de todo esse esforço”, ressalta Isabel. “O candidato que não se dedicou muito dará todo o gás agora e ficará nervoso, o que certamente vai atrapalhar a memória. Ninguém aprende na última semana, muito menos no último dia.
Para hoje, a dica é se desconectar totalmente. Cuidado com a alimentação também é essencial – sobretudo, evitar comidas diferentes. Fazer algo prazeroso e dormir bem completam a receita para amanhã, trabalhar bem. O dia é ideal também para detalhar o planejamento e, para quem ainda não fez o trajeto, outra dica é fazer o percurso até o local da prova para calcular as rotas e a margem de tempo para chegar com calma, minimizando qualquer intercorrência. “Essas iniciativas e ocupações produtivas diminuem a ansiedade, que pode paralisar o candidato”, analisa Isabel.
Outra recomendação para a hora “H” é levar uma garrafa de água e uma barrinha de cereal para dar uma força ao cérebro, que gasta muita energia. Ao pegar a prova, avaliá-la de maneira geral, identificar questões que terá mais dificuldade e começar pelas que tem mais facilidade. “Que o candidato faça nesses momentos que antecedem a prova uma reflexão de qual é seu estilo: se gosta de começar uma avaliação pelas questões mais difíceis ou mais fáceis. Ele deve optar pelo que o deixa mais confortável para resolver.
Um exercício interessante, segundo a coordenadora da UNA, é criar imagens positivas. “Que a prova será tranquila e que você se preparou (mesmo que não o tenha feito). Isso ativa uma parte do cérebro relacionada ao controle das emoções e balanceia a ansiedade com tranquilidade. No mais, é manter a calma. O controle emocional fala muito desse momento.”
CONFIANÇA
Passar essa confiança foi o desafio de muitos professores ao longo desses últimos dias. “Não é a 3ª série (do ensino médio) que vai fazer a diferença. É o conjunto da obra, e os alunos devem acreditar que podem ter bom desempenho. Além de entender que essa não é a última cartada da vida. Não deu, está preparado para se sair melhor na próxima”, ressalta o coordenador pedagógico Marco Aurélio Ferreira Alves, do Colégio Nossa Senhora das Dores, no Bairro Floresta, Região Leste de Belo Horizonte. Nas semanas que antecedem o Enem, a escola mesclou atividades de lazer com as acadêmicas.
Numa delas, um ator de teatro fez releitura de contos brasileiros cobrados no Enem, trazendo junto, a emoção.
Descontração foi também a aposta no pré-vestibular Elite BH, na Savassi, Região Centro-Sul da capital. Esta semana teve o dia E, que será repetido próximo ao segundo domingo de provas. Foi uma tarde para relaxar, com massagem, conversas com professores, lanche, sessão de fotos, videogame e discoteca, num ambiente descontraído e acolhedor. “Os alunos estão se preparando desde fevereiro e temos um lema, segundo o qual quem se prepara não precisa se estressar. Mas é comum as expectativas e a ansiedade dos alunos aflorarem nessa etapa final”, destaca o diretor do preparatório, Guilherme Calderano. Por isso, é hora de desacelerar. “É preciso diminuir o ritmo e estar perto de pessoas queridas para se afirmar nesse processo de preparação.”
A estudante Luana Rodrigues de Oliveira, de 21 anos, conta que consegue seguir a receita e fazer a separação entre o lazer e os estudos. A candidata a uma vaga em medicina aproveitou as sessões de relaxamento, ioga e massagem para tirar o estresse.