Passado o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é hora de pensar na matemática, na química, física e biologia. Domingo, os candidatos enfrentam a segunda e última etapa da maratona de avaliações, pondo à prova os conhecimentos nas áreas de matemática e de ciências da natureza. Os testes são considerados pesados por causa da quantidade de cálculos a serem feitos. Se na primeira fase o exame cobra do aluno a capacidade de leitura e interpretação, na segunda exige dele raciocínio e a habilidade de driblar o cansaço diante de fórmulas e contas.
Por isso, ele chama a atenção para começar resolvendo pelas questões mais fáceis, deixando as mais difíceis para o fim da prova. A estratégia é importante por causa da teoria de resposta ao item (TRI), o sistema estatístico de correção do Enem que avalia as respostas e tenta identificar aquelas que foram dadas por chute. Entre os conteúdos mais cobrados estão grandezas de razão, proporção e regras de três, acompanhados de porcentagem, estatística e geometria espacial. Já os que mais geram dificuldade, na opinião do professor, são as questões ligadas a logaritmos, análise combinatória e probabilidade. A boa notícia, segundo ele, é que desde 2009 os enunciados têm ficado mais claros, evitando pegadinhas e as duplas interpretações.
“Cada questão é contextualizada dentro de um assunto real, que dialoga com várias disciplinas e interpretação de textos, gráficos e tabelas. A interpretação é muito forte, também na prova de matemática”, destaca o professor do Bernoulli. Um detalhe deve ser observado. “As alternativas têm sempre valores que resultam de cálculos intermediários, o que pode levar o candidato ao erro. Por isso, verificar se está respondendo ao que foi perguntado antes de passar a resposta para o gabarito é fundamental”, acrescenta.
O aluno Daniel Vaz, de 17 anos, está confiante para a área de matemática. Ele cogita ingressar no curso de engenharia química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas está mesmo é de olho numa vaga em bioquímica na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. A preparação ao longo desse tempo, tanto para a prova brasileira quanto para os testes nos Estados Unidos foi à base de simulados, o que mais funciona para ele. Nos dias que antecedem a prova, a estratégia é revisar e fazer alguns exercícios. “O Enem e as provas dos EUA são previsíveis. Cai o mesmo estilo de perguntas, então, se fizer provas passadas e simulados não tem muito erro. É saber a matéria e se acostumar com o estilo de prova”, diz.
A dica do estudante é pegar leve a partir de agora e, para quem ainda não se acostumou com o tempo de prova, aproveitar esses últimos dias para se planejar. “Matemática é mais trabalhosa pela quantidade de cálculo e por ser extensa. O tempo foi estendido, mas ainda é um pouco corrido para quem tem dificuldade de raciocínio. Vou grifando o enunciado para lembrar o que foi citado. E vai ter alternativa para quem não se lembrou de voltar à pergunta e para quem parou no meio do caminho. Essa prova exige cuidado com o tempo e atenção aos detalhes.”
Relacionamento das informações
Uma prova que trabalha muito com a relação entre as informações. Essa é uma das principais características da área de ciências da natureza, cobrada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por isso, clareza nos conceitos relacionados à questão é fundamental. “Vai ter uma abordagem naquele assunto, que por sua vez tem um conceito e o candidato tem de ficar atento a ele para relacionar essas informações”, adverte a professora Raquel Malta, coordenadora de área de química do Colégio Santo Agostinho, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Nas questões de química, por exemplo, ela pede atenção a detalhes ligados a equilibrar equação química, operações matemáticas que envolvem cálculos e a pequenas dicas que sempre estão no enunciado. Interpretar é a chave do teste. “Relacionar aquilo que viu com a informação que está sendo colocada naquela questão. Ela pode estar posta de diversas formas, como imagem, charge e gráfico”, diz a professora. A expectativa é também de uma avaliação parecida com a de anos anteriores.
Assuntos recorrentes têm mantido essa padronização, entre eles, cálculo químico, química orgânica com reconhecimento de função e reação orgânica. Nesse quesito, em geral, a questão traz uma reação na qual mostra o que ocorre e pede para o candidato reproduzi-la com outra substância parecida com a que está no modelo. Também aparecem constantemente nas provas equilíbrio de equação química (que vai influenciar nos cálculos químicos) e perguntas sobre a matéria de equilíbrio químico. Desde o início do Enem, em 1998, separação de misturas é cobrado. Por fim, eletroquímica é também conhecimento a ser priorizado.
Raquel lembra que é interessante o aluno saber previamente alguns pontos do Enem. “O exame não traz tabela periódica. Não precisa memorizá-la por inteiro, mas é preciso ter noção e algumas informações básicas, como os elementos de algumas colunas”, avisa a coordenadora.
Ciências da natureza é uma área importante para a aluna do 3º ano do colégio Laís Bitencourt Coelho, de 17 anos, que quer cursar medicina. Nas últimas semanas, ela conta que se dedicou a fazer provas anteriores do Enem, para se familiarizar com a linguagem do que é pedido. Na reta final, o descanso está sendo priorizado. Uma vez por semana, ela joga vôlei com as amigas, para extravasar. “Não pode deixar de dormir, comer e controlar ansiedade. É preciso manter a mente tranquila agora”, afirma. “Mesmo assim, dá um frio na barriga, porque a nota é muito alta para o curso que quero, mas tento me lembrar todos os dias que tenho de estar confiante.”