Passada a prova de fogo dos alunos da educação básica, é hora de os universitários mostrarem o nível de seu conhecimento para enfrentar o mercado de trabalho. Hoje, mais de 550 mil estudantes que estão se formando em cursos de 27 áreas farão, em todo o país, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Em Minas Gerais, serão 55.823 concluintes. O teste é obrigatório e, em jogo, está não apenas o pré-requisito para pegar o diploma do ensino superior, como a avaliação da qualidade das universidades e faculdades Brasil afora. O resultado é decisivo para elas entrarem ou não na mira do Ministério da Educação (MEC).
O Enade é componente curricular obrigatório dos cursos de graduação e é composto por uma prova para avaliação de desempenho dos estudantes e um questionário do estudante. O prazo de preenchimento do questionário terminou na quarta-feira. Ele é indispensável para acessar o cartão de confirmação de inscrição, com as informações sobre o local de prova, horários e atendimentos. De acordo com a legislação, devem ser inscritos os estudantes ingressantes e concluintes dos cursos de graduação avaliados na edição. Apenas os concluintes precisam fazer a prova. No histórico escolar do estudante ficará registrada a situação de regularidade em relação ao Enade, requisito para colação de grau em cursos de graduação.
Em 2018, o exame vai avaliar estudantes dos cursos que conferem diploma de bacharel nas áreas de administração, administração pública, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social – jornalismo, comunicação social – publicidade e propaganda, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo, serviço social, teologia e turismo. Também serão avaliados os cursos que conferem diploma de tecnólogo nas áreas de comércio exterior, design de interiores, design de moda, design gráfico, gastronomia, gestão comercial, gestão da qualidade, gestão de recursos humanos, gestão financeira, gestão pública, logística, marketing e processos gerenciais.
Diretor da Faculdade Arnaldo, em Belo Horizonte, João Guilherme Porto chama a atenção para a importância do exame. “Vai verificar a qualidade do ensino e a quantidade de aprendizado que o aluno absorveu durante o curso. O estudante tem que buscar a instituição com a melhor nota e o estabelecimento de ensino, por sua vez, tem que trabalhar não só o aluno para fazer a prova, mas para estar pronto para qualquer avaliação e o mercado de trabalho”, afirma. Mas João Guilherme faz uma ressalva: “O Enade está para a educação superior assim como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) está para o ensino médio. Mas, nesse segundo caso, o participante busca tirar uma nota boa, porque quanto maior a pontuação individual, melhor será a faculdade em que vai entrar. O Enade não tem nota individual, é apenas um componente curricular obrigatório.”
Os cursos são avaliados no Enade a cada três anos. A prova tem a característica de ser contextualizada e interdisciplinar. A avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) inclui uma parte geral e específica de cada curso, por isso, é aplicada em ciclos. As notas vão somente para as instituições de ensino, o que pode pôr na berlinda muitas delas. A escala de pontuação vai de zero a 5. As notas 3, 4 e 5 são o nível desejável, sendo 3 a média, 4 bom e 5 excelência. As notas 1 e 2 são insatisfatórias e os estabelecimentos e cursos com essa pontuação passam a ser observados com atenção pelo MEC. A prova do Enade é ainda base para o Conceito Preliminar do Curso (CPC) e Índice Geral de Cursos (IGC), que levam em consideração o desempenho dos estudantes, a infraestrutura, formação dos professores e ainda indicadores da pós-graduação.
MOTIVAÇÃO Por causa disso, o esforço para que os concluintes se submetam ao teste é ainda maior. “Eles têm que fazer, porque precisam dele para colar grau. Mas podem, por exemplo, só assinar a prova. Assim, as instituições têm que fazer os alunos entenderem que, independentemente de ter ou não uma nota dele, devem estar motivados, porque a pontuação obtida pela faculdade é o sobrenome que o seu currículo vai carregar pelo resto da vida. Daí a importância de fazer benfeito”, ressalta. “Trabalhar tecnicamente para o estudante fazer uma boa prova é obrigação do curso e atuar na motivação é dar o entendimento de que estamos todos no mesmo barco”, defende o diretor.
A estudante do 10º período de direito Caroline Aquino Lage, de 32 anos, levou a sério os estudos para o Enade. Ela conta que a faculdade investiu em simulados nos fins de semana para treinar os alunos para o teste, preparação essa que servirá não apenas para o exame federal, mas para concurso e para enfrentar os testes aplicados a quem disputa vaga nos escritórios de advocacia. “O Enade é necessário, porque avalia a qualidade da faculdade. Conheço muita gente que procura a instituição pela classificação dela de acordo com o Inep. Quando entrei no Arnaldo, era 5. Isso dá a certeza de que não estamos entrando em qualquer faculdade.”