O laboratório de Genética Celular e Molecular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deveria ter excelência garantida não apenas pelos trabalhos de alunos e professores, mas também pela estrutura física. Mas basta uma conversa rápida para, em pouco tempo, se inteirar dos problemas. O professor Vasco Azevedo, chefe do laboratório, cita o trabalho de colaboração com a França e a quantidade de equipamentos de alto custo quebrados e, logo, parados. Apenas para consertar uma centrífuga e dar a ela vida útil de mais uns cinco anos, o instituto precisa de R$ 18 mil. Cinquenta pessoas trabalham no laboratório, que conta também com filtros que precisam de cuidados especiais. “Água é tudo para a gente. Se não tivermos água de boa qualidade, perdemos tudo”, diz.
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ALTERNATIVAS O Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG trabalha uma diversidade de temas que o tornam referência em ciências médicas e na parte ambiental. Leishmaniose, dengue e zika estão no rol das pesquisas. Lá, uma porta chama a atenção. O professor Vasco Azevedo faz questão de entrar.
Diante da situação cada vez mais crítica da universidade, Menezes optou por arregaçar as mangas e procurar outras fontes de financiamento, para não interromper seus trabalhos nem os sonhos de seus alunos. Fechou parceria com o setor privado para fazer para empresas testes em troca de reagentes e promove eventos nos quais as marcas das companhias aparecem em troca de doação de insumos e equipamentos. Em seu espaço, o único centro de excelência da Nikon do Sul no mundo, são estudadas doenças hepáticas e o desenvolvimento de recém-nascidos. “Se a ideia é mudar para o financiamento privado, tem que ter planejamento estratégico. Não se pode cortar assim. Duvido que haja uma pessoa que, se bem informada sobre o que é ciência, não a valorize”, afirma Menezes.
Adiamentos e cortes que se multiplicam
A caminhada pelo ICB continua.
CORDA BAMBA Assim como pesquisas, laboratórios e projetos de estudantes e professores, os funcionários terceirizados estão na corda bamba caso o bloqueio orçamentário das universidades se mantenha. A própria Reitoria da UFMG já anunciou que, além de não conseguir pagar contas de consumo, não conseguirá também honrar contratos de prestação de serviço. A notícia é uma volta a um passado triste e recente para um funcionário que pediu para não ser identificado, por não ter autorização da empresa prestadora para dar entrevista. O ano era 2016 e as universidades enfrentavam mais um corte em suas finanças, depois de uma queda de recursos de 33% no ano anterior. Os rumos que 2019 desenha não são muito diferentes.
'Arrebenta pra gente' - Servidor terceirizado
“A empresa perdeu o contrato numa universidade privada e veio para cá. Em julho, saiu a notícia das demissões.
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