A meta é aumentar o número de salas de aula com ensino em tempo integral, mas o que se vê é uma diminuição progressiva. Ontem, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) anunciou o aumento do ensino com jornada ampliada e nem assim Minas Gerais ficará próximo dos patamares desejados. Pelo contrário, ficará abaixo até do que oferecia no ano passado. Na contramão do que o Brasil registrou em 2018, quando as matrículas em tempo integral no ensino médio cresceram 19,2% na comparação com o ano anterior, segundo o Anuário Brasileiro da Educação 2019, o estado segue com um programa tímido e longe dos objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE).
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Governo recua e ameniza redução de ensino integral em Minas Gerais Especialista avalia corte na educação integral que vai afetar 81 mil alunos em MinasEscola Integral será para apenas 500 unidades, confirma secretária de Educação de MinasSalário de professores com nível superior é 30% menor que de profissionais com a mesma escolaridadeEm abril, o governo anunciou uma drástica redução: dos 45% de estabelecimentos de ensino da rede com jornada ampliada, de um total de 3.612, para 13,8% ofereceriam o tempo integral este ano. A redução é de 70% da quantidade de colégios que tinham grade em tempo maior que o convencional. De acordo com a SEE, em 2018, a educação em tempo integral foi ofertada em 1.640 escolas e atendeu a 111.528 alunos. Este ano, somente 500 estabelecimentos de ensino e cerca de 30 mil alunos do ensino fundamental estavam garantidos no programa.
Mas, depois de pressão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por mudanças na decisão, sob pena de não votar assuntos de interesse do governo, a pasta voltou atrás e reformulou o programa. Ontem, a secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna, disse que o tempo integral será levado a outras 895 escolas neste segundo semestre, com abertura de 34 mil vagas em todas as regiões do estado.
Foram considerados os seguintes critérios para as escolas contempladas: ter ofertado o tempo integral no ano passado e solicitado continuidade no plano de atendimento para 2019; ter oferta de ao menos uma turma de educação básica; oferecer ao menos uma turma regular com no mínimo 15 alunos para os anos de início da oferta e possuir sala ociosa no contraturno para atender o modelo proposto de oferta progressiva. A secretária informou ainda que as novas turmas não serão mais multisseriadas, ou seja, formadas por alunos de diferentes idades e níveis educacionais. Elas são únicas, com progressão e trajetória regulares e acompanhamento de frequência também no contraturno.
O modelo traz uma matriz curricular articulada entre as áreas de conhecimento. Além das matérias regulares da base comum, os alunos terão aulas de projeto de vida, cultura e saberes em arte, educação para cidadania, laboratório de matemática, ciências e tecnologia, entre outras disciplinas que passam a fazer parte da matriz pedagógica.