A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou ontem o conteúdo da moção feita pelo Conselho Universitário em defesa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com o documento, a maior instituição de ensino superior do estado manifesta publicamente preocupação diante da situação orçamentária e financeira de uma das principais agências de fomento à ciência no país. Anteontem, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, disse que só há dinheiro para pagar as bolsas do CNPq até sábado.
Leia Mais
Projeto de ensino de inglês no Brasil será financiado pelos Estados UnidosFalta de verba para CNPq deixa 7,6 mil bolsistas sob ameaça apenas em MinasDinheiro para bolsas do CNPq só dura até sábado, avisa ministroUFMG anuncia que entra em setembro com orçamento em estado críticoCapes corta 5,6 mil bolsas de pesquisa. Veja o tamanho do prejuízo em MinasMEC avisa que verba de universidades vai seguir ranking: veja posição das mineirasLinha de ônibus interno da UFMG vai parar de circular no câmpus PampulhaEla lembrou ainda que as universidades públicas respondem pela quase totalidade da pesquisa brasileira e por mais de 80% dos cursos de mestrado e doutorado do país. “A presente situação de cortes orçamentários do CNPq, se mantida, colocará milhares de estudantes de iniciação científica e de pós-graduação, no país e no exterior, em situação crítica para sua manutenção e para o prosseguimento de seus estudos, além de suspender bolsas de pesquisadores altamente qualificados e de cancelar projetos relevantes em todas as áreas do conhecimento, ameaçando a formação de professores e pesquisadores e provocando o desmonte de laboratórios e centros de pesquisa em todo o país”.
Atualmente, há 83.405 bolsistas em todo o país de iniciação científica e pós-graduação nos 27 estados mais o Distrito Federal e em 25 países. Minas é o terceiro estado com o maior número de bolsistas (7.650), atrás apenas de São Paulo (18.470) e Rio de Janeiro (16.996). No próximo quinto dia útil, o CNPq fará o pagamento referente à folha de agosto. A partir de então, não há qualquer horizonte traçado, diante do esgotamento de recursos disponíveis em caixa.
A UFMG afirmou ainda que reconhece a crise econômica pela qual passa o país, mas chama a atenção para a necessidade de preservar os investimentos em educação, cultura, ciência, tecnologia e inovação, “que são portadores de futuro, promovem a transferência de importantes descobertas para a sociedade e contribuem significativamente para o desenvolvimento do país. “Por isso, conclamamos a sociedade de Minas Gerais e do país a se juntar à comunidade da UFMG em defesa do CNPq. A nação não pode desconsiderar esse patrimônio público construído ao longo de décadas pelo esforço conjunto de pesquisadores, das comunidades universitárias e de toda a sociedade brasileira.”
Protesto
Representantes de várias entidades de apoio à ciência e tecnologia protestaram ontem na Câmara dos Deputados contra a possibilidade do corte de bolsas do CNPq, durante audiência conjunta das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Educação. Faltam R$ 330 milhões para honrar os compromissos de setembro a dezembro. De acordo com o conselho, ao contrário do que ocorre com as instituições federais de ensino, que também amargam um caixa apertado, o problema não é de contingenciamento, mas de um orçamento menor para a área este ano.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e as entidades que fazem parte da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br) entregaram ainda aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), abaixo-assinado em defesa do CNPq.
.