Se, por um lado, a quantidade de negros e brancos é parecida no país, o mesmo não pode ser dito dos direitos e oportunidades oferecidas às duas raças. Os pretos e pardos representam aproximadamente 53% da população brasileira (dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE), mas ainda sofrem com a desigualdade racial.
Os negros têm escolaridade mais baixa, ocupam posições inferiores no mercado de trabalho e têm salários menores do que os brancos. Além disso, de acordo com o Mapa da Violência 2016, enquanto as taxas de homicídios por armas de fogo de brancos caíram 27,1% entre 2003 e 2014, a taxa de homicídios de negros aumentou 9,9% no mesmo período. O estudo indica que, no Brasil, morrem 2,6 vezes mais negros que brancos vitimados por arma de fogo.
Para marcar a história de luta dos negros no Brasil, foi criado o Dia da Consciência Negra, celebrado, anualmente, em 20 de novembro. A data foi incluída no calendário escolar em 2003 e oficialmente instituída, em âmbito nacional, pela lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011.
O dia 20 de novembro foi escolhido por se tratar da data em que Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, foi assassinado, em 1695. O Quilombo de Palmares existiu durante quase todo o século XVII e chegou a ter de 20 a 30 mil habitantes. Sua extensão territorial era semelhante à de Portugal.
A comunidade, localizada na então Capitania de Pernambuco (atual região de União de Palmares, em Alagoas), era formada principalmente por escravos negros fugitivos, mas também abrigava índios e brancos pobres.
Zumbi foi o último líder do Quilombo de Palmares, tendo substituído Ganga Zumba, que perdeu a liderança depois que aceitou uma oferta de paz do governador – todos os escravos fugitivos teriam liberdade se o quilombo se submetesse à Coroa Portuguesa. Os membros da comunidade não gostaram do acordo e Zumbi tornou-se o novo líder, com a promessa de continuar a resistência contra a opressão dos colonizadores.
Em 1695, o quilombo foi desmantelado por uma ofensiva dos bandeirantes e o líder foi assassinado. Sua cabeça foi levada ao governador e exposta em praça pública, para desacreditar a população sobre a lenda de que Zumbi era imortal.
Mais de 300 anos depois, o líder de Palmares continua sendo um símbolo forte da resistência negra e uma fonte de inspiração para a luta por igualdade. Um marco dessa batalha foi a instituição, em 2010, do Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a igualdade de oportunidades, a defesa de direitos e o combate à discriminação.
Algumas políticas afirmativas importantes também foram criadas nos últimos anos, como as cotas para ingresso em universidades e institutos federais e a reserva de vagas em concursos públicos federais para pretos e pardos.
As ações afirmativas são políticas públicas feitas para corrigir desigualdades históricas. De acordo com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), essas ações podem ser de três tipos: com o objetivo de reverter a representação negativa dos negros; para promover igualdade de oportunidades e para combater o preconceito e o racismo. Elas não devem ser vistas, portanto, como privilégios e sim como tentativas de obter condições mais igualitárias, revertendo injustiças que foram acumuladas ao longo de muitos anos.
Artigo do Percurso Pré-vestibular e Enem.