No dia 22 de abril de 1500 a frota comandada por Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, batizado inicialmente de Vera Cruz pelos portugueses. Por um longo tempo foi usado o termo "descoberta do Brasil" em uma visão europeia. Entretanto, essas terras já eram habitadas por vários povos indígenas. Estima-se que cinco milhões de indígenas se espalhavam pelo litoral brasileiro nesse período. No dia da chegada de Cabral, os portugueses ancoraram no litoral sul de onde hoje está a Bahia. Antes de seguir viagem para a Índia, destino final da viagem, os navegantes permaneceriam no Brasil até o dia 2 de maio para tomar posse da terra em nome da Coroa Portuguesa e seguindo as determinações do Tratado de Tordesilhas. Do dia da chegada dos portugueses, apenas três depoimentos ainda estão disponíveis atualmente. O mais detalhado deles é a "Carta de Achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada.
Iniciada como um processo epistolar de praxe, a "Carta", após desenvolver os primeiros parágrafos, realizando toda a reverência ao monarca D. Manuel I (1469-1521), irá continuar como um diário comum. Sobre sua composição, foi escrita em sete folhas, cada qual dividida em quatro páginas. Da conotação fonética das marcas ortográficas, vale citar que Caminha reproduz o estilo de época típico dos textos portugueses até o século XV. Sua periodização torna o manuscrito um produto organizado e bastante ordenado cronologicamente.
Nela, o deslumbramento dos europeus em relação à descoberta do "Novo Mundo" é bem evidente nos registros feitos por Caminha. Na Carta ele descreve suas impressões sobre o território que viria a ser chamado de Brasil. Alguns trechos da Carta:
"Essa gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á com ligeireza neles qualquer cunho que lhes queira dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, e por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa. São muito mais nossos amigos que nós seus." E por fim, Caminha ainda pede favores ao rei em "Peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro - o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza."
No dia seguinte à chegada dos portugueses, ocorreu o primeiro encontro entre os exploradores e os indígenas. No dia 26, o primeiro domingo depois da Páscoa, o frade franciscano Henrique de Coimbra rezou uma missa em terra firme. No dia 1º de maio, uma outra missa foi rezada e também realizada a posse oficial da terra. Foi erguida uma grande cruz de madeira, com as armas reais de D. Manuel, rei de Portugal. Na manhã seguinte, no dia da partida da esquadra, os portugueses deixaram dois criminosos, que trocaram a pena de morte pelo exílio em terras desconhecidas. Além deles, ficaram no Brasil outros dois portugueses desertores. Esse foi início da ocupação portuguesa e da formação do Brasil que conhecemos hoje.
Artigo de História do Percurso Pré-Vestibular.