Jaime Venâncio do Nascimento, de 50 anos, é lavrador nascido e criado na pequena comunidade de Perobas, localizada a 20 quilômetros de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pai de três filhos, ele e a esposa, Maria de Fátima Alves de Souza, retiram da lavoura de tomate o sustento da casa. A vida que hoje parece dura já foi pior. Até o ano passado, a família vivia na escuridão. Por isso, Jaime lembra com alegria o dia 1º de outubro do ano passado, quando enfim a energia elétrica foi instalada em sua residência: "Ficamos muito felizes. Eu não acreditava que íamos ter luz. Era um sonho", revela.
Jaime pensou em abandonar a região e se mudar para uma cidade maior, mas desistiu com a chegada da energia elétrica. "Com a luz, a gente pode ter um conforto maior aqui no campo mesmo, com televisão e chuveiro com água quente", diz ele. Assim como o lavrador, mais de 20 famílias da comunidade de Perobas foram atendidas pelo Luz para Todos, programa do governo federal.
Oportunidade
No final de julho deste ano, o programa alcançou 2.971.171 famílias rurais em todo o país. São índios, quilombolas, assentados da reforma agrária, homens simples do campo e das florestas que somam cerca de 14,5 milhões de pessoas que, agora, podem desfrutar de serviços até então não disponíveis. Em Minas Gerais, o Luz para Todos já atendeu 328.415 famílias, tirando da escuridão cerca de 1,6 milhão de pessoas.
No Luz para Todos o acesso a energia elétrica é gratuito, incluindo o padrão de luz. As residências recebem três lâmpadas e duas tomadas instaladas. Na execução do programa, é prioritária a contratação de mão de obra local e a compra de materiais e equipamentos nacionais.
Migração
A chegada da energia elétrica traz também um novo estímulo para fixação do homem no campo e levando famílias de volta ao meio rural, numa inversão do grande fluxo migratório que ocorre no Brasil. Isso provocou, inclusive, a prorrogação do Luz para Todos, que ganhou nova formatação para até 2014. O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Wilson Grüdtner, ressalta a finalidade social prioritária do programa: "O grande objetivo do Luz para Todos é a redução da desigualdade social das famílias que moram no meio rural. Ao se disponibilizar energia elétrica para essas famílias, aumenta-se a oportunidade de se gerar mais emprego e renda para as mesmas, melhorando a qualidade de vida, com mais saúde, conforto e lazer".
Grüdtner lembra que, na nova etapa, que integra a segunda fase do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC2), o programa levará energia elétrica a 715.939 moradias no total. Desse montante, já foram beneficiadas 316.635 famílias, entre janeiro de 2011 a ju-lho de 2012. O Luz para Todos atendeu também 116 mil famílias do Plano Brasil sem Miséria, o que representa 45% da meta de 257 mil famílias que compõem a faixa econômica da extrema pobreza, identificada pelo Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O secretário destaca que o grande desafio será beneficiar as famílias que não poderão ser atendidas por extensão de redes e que, por isso, serão atendidas de forma isolada.