As cinzas de José Alencar foram levadas sábado para Itamuri, distrito de Muriaé, localizado a 18 quilômetros do município da Zona da Mata, terra natal do ex-vice-presidente da República. Elas foram depositadas na Igreja Nossa Senhora da Glória, onde ele foi batizado. Alencar faleceu em São Paulo, em 29 de março, aos 79 anos, depois de uma longa batalha contra o câncer. Ainda em vida, Alencar manifestou aos familiares o desejo de ter seus restos mortais enterrados em Itamuri.
Uma missa em homenagem a Alencar foi realizada pelo bispo da Diocese de Leopoldina, dom Dário Campos, e pelo pároco local, padre Marcelo Antônio Tavares Mota. A cerimônia foi acompanhada por familiares, amigos, políticos da Zona da Mata e também pela população, que compareceu à igreja para prestar homenagens ao conterrâneo ilustre. O bispo de Juazeiro, na Bahia, dom José Geraldo, nascido em Muriaé e amigo da família de Alencar, também participou da cerimônia religiosa, que terminou às 17h30.
A família de Alencar patrocinou uma pequena reforma na igreja para a realização da missa. Toda a fachada e o interior da igreja foram pintados, o piso foi trocado e o altar ganhou revestimento de granito. A urna com as cinzas foram enterradas na lateral direita do altar, em uma lápide com as datas de seu nascimento e morte, além de uma frase que ele mesmo pediu que fosse gravada em seu túmulo: “O importante é voltar”. A família tinha a intenção de depositar as cinzas do ex-presidente, que teve o corpo cremado em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, logo após seu falecimento, mas não havia um local adequado para isso na Igreja de Nossa Senhora da Glória.
As irmãs, sobrinhos e a mulher do ex-vice-presidente, Mariza, chegaram a Muriaé de avião, no início da tarde, e seguiram direto para Itamuri. A cerimônia movimentou o distrito, que tem cerca de 2 mil habitantes, e atraiu moradores da região, que se despediram de José Alencar. O político mineiro teve dois velórios em março, o primeiro em Brasília, no Palácio do Planalto, e no dia seguinte, em Belo Horizonte, no Palácio da Liberdade. Nas duas cerimônias, as portas foram abertas ao público. Ele também foi homenageado por políticos, familiares e amigos na missa de sétimo dia, realizada na Catedral da Sé, em São Paulo.
O ex-vice-presidente lutava desde 1997 contra o câncer, que se espalhou para várias partes do seu corpo. Foram mais de 15 cirurgias durante o tratamento, sendo que a mais complexa, em 2009, demorou 17 horas. Desde o fim de 2010, o estado de saúde de José Alencar se agravou, provocando uma rotina de internações e impedindo que o político acompanhasse a posse de Dilma Rousseff (PT). Mesmo com o estado de saúde debilitado, Alencar insistiu em se apresentar sempre de bom humor e otimismo em relação à doença. Sua última aparição pública foi em 25 de janeiro, quando, ao lado de Lula e Dilma, foi homenageado em São Paulo.
A gestão de José Alencar como vice-presidente foi marcada pelas criticas à política de juros altos do governo, mas sempre mantendo uma boa relação com Lula. Ele também participou da campanha de Dilma, chegando a assumir o cargo de coordenador da campanha em Minas Gerais, convocando prefeitos e empresários para apoiar a petista.