O pensamento político do poeta das formas sempre foi muito discutido. Em 1945, ele ingressou oficialmente no Partido Comunista Brasileiro, mas há quem afirme que, ainda nos tempos de estudante, antes do PCB ser legalizado no país em 1932, Niemeyer já carregava o lado contestador sobre a condição humana. Durante a ditadura militar, o arquiteto foi perseguido e, em 1965, em protesto contra o cerceamento às liberdades democráticas, ele e cerca de 200 professores se retiraram da Universidade de Brasília (UnB). Oscar nunca foi preso, mas chegou a ser interrogado algumas vezes pelas forças de repressão.
O escritório no Rio foi invadido e a revista Módulo, que Oscar havia fundado em 1955, foi impedida de circular. Diante da situação opressora do Brasil naquela década, ele saiu do país e se exilou.
O período internacional do arquiteto coincide com grandes transformações sociais em todo o mundo, como a guerra fria, as barricadas estudantis de 1968, a Guerra do Vietnã, além da crise do sistema econômico. E é nesse turbilhão de acontecimentos históricos que Niemeyer, já com mais de 60 anos, dá mais dinamismo à sua arte, conferindo a ela elementos que uniam o concreto com a dimensão pública da obra.
Exemplo disso são os projetos da sede do Partido Comunista Francês, de 1965; da Bolsa de Trabalho de Bobigny (região operária de Paris), de 1972; e da Casa de Cultura de Le Havre, de 1982. No caso do conjunto de dois prédios do PC francês, a ideia do arquiteto foi integrar forma com o maior espaço possível para a circulação de pessoas. Já a Casa de Cultura de Le Havre - hoje Praça Oscar Niemeyer – mostra o esforço dele em planejar algo belo sem se esquecer da função do espaço interno.
Nesse aspecto, o próprio arquiteto contesta aqueles que argumentam a falta de funcionalidade de suas obras.
Entre um projeto e outro, Oscar aproveitava o tempo em Paris para debater seus pontos-de-vista com amigos, entre eles o filósofo Jean-Paul Sartre.
Euforia
Do país colonizador para a colônia. A convite do presidente da Argélia, Houari Boumedienne, Niemeyer desenvolveu alguns projetos naquele país, cujo povo experimentava a euforia com o fim do domínio da França. Lá, o arquiteto se embalou nesse espírito e foi responsável pelo projeto da Universidade de Constantine, uma de suas criações prediletas, e da mesquita da capital Argel. Ao vê-la, o presidente Boumedienne se manifestou: “Mas esta é uma mesquita revolucionária”, ao que o arquiteto respondeu: “Presidente, a revolução não deve parar”.