Apesar do reconhecimento internacional e de servir como referência para muitas gerações de arquitetos no Brasil e no exterior, a obra de Oscar Niemeyer, morto na noite de hoje (5), nunca será reproduzida devido ao grau de criatividade individual composto em cada uma delas, diz o arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
Magalhães se emociona ao falar do “mestre”, cujos traços de Niemeyer têm tamanha força e magnitude que se concretizam em obras ímpares, tornando-as imediatamente reconhecíveis como suas.
“Embora esteja sob alguns parâmetros que são comuns à arquitetura moderna, seu modo de projetar e sua expressão têm uma dose muito importante de sua criatividade individual, o que faz com que seus traços sejam admirados, mas não reproduzidos”, ressalta Magalhães.
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Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, Agostinho Guerreiro, Niemeyer teve grande inspiração ao conseguir juntar a sinuosidade de suas curvas com a geometria. “Ele foi muito sábio, e sempre lembro o que ele disse uma vez para mim: 'Olha, Agostinho, a arquitetura e a engenharia têm que andar sempre juntas. Eu não seria ninguém sem os engenheiros”.
Engenheiro agrônomo e professor de engenharia de produção da Coordenação de Programas em Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Guerreiro lembrou outra conversa que teve com Niemeyer, em que o arquiteto lhe disse que foi expulso do Brasil pela ditadura militar e que, ao seguir para o exterior, levou sua obra, que acabou alcançando reconhecimento mundial.
Ainda assim, Guerreiro acredita que a obra de Niemeyer deveria ser mais debatida nas faculdades de arquitetura e engenharia. “Ele é uma referência e sempre se portou como uma pessoa muito humilde, defendendo a inclusão de todos na sociedade”, finalizou.
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