Foi pensando em reunir todo o seu legado em um mesmo ambiente, visando à promoção de debates e ao intercâmbio sobre sua obra com profissionais do Brasil e do exterior, que o arquiteto Oscar Niemeyer, morto nesta quarta (5), criou, em 1988, uma fundação sem fins lucrativos. A instituição, que tem seu nome, funciona num prédio na Glória, zona sul do Rio de Janeiro, o mesmo que, na década de 40 abrigou o primeiro escritório do arquiteto. A filha de Niemeyer, Ana Maria, que administrava a fundação até o ano passado, morreu em junho deste ano. Agora, os netos comandam a instituição.
Por definição, a Fundação Oscar Niemeyer é um centro de informação e pesquisa voltado para a reflexão e difusão da arquitetura, urbanismo, design e artes plásticas para a valorização e preservação da memória e do patrimônio arquitetônico moderno do país. Mas, além de reunir o maior acervo bibliográfico e documental sobre o arquiteto, a fundação promove atividades permanentes de atendimento a antigos e novos arquitetos interessados na divulgação da moderna arquitetura brasileira.
“A combinação de traços sinuosos e concreto, que se traduzem em formas leves, mostram bem a liberdade que Niemeyer tem de criar. E ele, até hoje, é único nesse estilo. Por isso, temos que preservá-lo como marca de nossa arquitetura moderna”, enfatizou Juliano Marques de Oliveira, estudante do 7º período de uma faculdade particular de arquitetura no Rio de Janeiro.
Em 24 anos de existência, a fundação se ramificou e hoje o acervo de Niemeyer pode ser visto também na Casa das Canoas, em São Conrado, Rio de Janeiro, projetada por ele em 1951, e no Espaço Oscar Niemeyer, em Brasília.
A idéia, porém, é instalar toda a fundação em um prédio no Caminho Niemeyer, o complexo arquitetônico projetado por Niemeyer para a cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e que foi inaugurado simbolicamente em dezembro de 2010. Na forma de caracol, o prédio terá um mezanino com acesso interno e externo por meio de rampas, onde ficará em exposição o acervo de obras do mestre. O prédio ficará em cima de um espelho d´água com aproximadamente 1.500 metros quadrados.
O projeto inclui uma construção anexa ao prédio com uma parte semienterrada, abrigando uma copa, central de ar condicionado, acesso ao hall do térreo e duas grandes salas. Ainda neste prédio, no nível térreo, haverá um auditório, quatro salas onde serão ministradas aulas de temas ligados à arquitetura e às artes, além de salas para congressos e seminários.