Roupas, eletrodomésticos, automóveis, alimentos, livros, utensílios de cozinha... A lista de produtos consumidos no Brasil é extensa, quase infinita. Mas o nível de consumo oscila de acordo com os rumos da economia. Em tempos de incerteza, pode ser que a procura por certos produtos seja menor, mas, em contrapartida, outros ganharão destaque. Dinâmica, a balança do varejo pesa para um lado ou para o outro de acordo com os números da economia.
Depois de um longo período de aumento do poder de consumo da população brasileira, com o erguimento da classe C à categoria de massa consumidora, o setor varejista brasileiro entra em uma fase de acomodação. A taxa de crescimento do comércio foi de 2,08% no ano passado, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Em 2015, a projeção é de aumento de 1%, mas com possibilidade de revisão para baixo. Os números indicam certa calmaria no consumo devido às incertezas do rumo da economia.
O aperto na concessão de crédito dificulta a aquisição de bens de maior valor agregado; a queda na renda real força as famílias a priorizar bens de primeira necessidade e a alta na taxa de desemprego reduz ainda mais a capacidade de consumo, afirma a economista da CDL-BH Ana Paula Bastos. Segundo ela, os três fatores têm influenciado na freada do setor varejista. “As pessoas estão consumindo menos”, afirma, ressaltando que o brasileiro já teve cenários muito piores. “É um momento de ajustes.” A perspectiva é de retomada nos próximos anos, com a economia voltando a crescer.
O diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) e presidente do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, afirma que, depois de um período de ‘vacas gordas’ para o comércio, o setor está em um momento delicado, tendo registrado queda de faturamento no ano passado e números negativos no Dia das Mães, como reflexo do desaquecimento da economia brasileira
Apesar do cenário desfavorável, ele ressalta que o aumento nas taxas de desemprego funciona como incentivo para a abertura de novos negócios. Sem emprego, os trabalhadores que já sonhavam em ter uma empresa aproveitam para realizá-lo. Uma dica: antes de dar o primeiro passo, o futuro lojista precisa estudar muito para evitar erros, diz Donato. “Não abra o negócio de cara, mas comece a estudar sobre o ramo que vai investir”, afirma.
No caso, as entidades de classe podem ajudar nos primeiros passos. Ele lembra que parte das empresas do setor não completam dois anos de atividade. A outra parte, no entanto, supera esse período, o que revela que o planejamento correto é a chave para a sobrevivência dos empreendimentos.