Carlos Augusto Silva
Sócio da PwC Brasil
Além das tradicionais preocupações de qualquer empresa – como planejamento estratégico, finanças, impostos, eficiência operacional, compliance, concorrência, gestão de pessoas, tecnologia, infraestrutura e crescimento –, as empresas de controle familiar precisam também estar atentas a outras questões. Entre as preocupações dos novos empreendedores que desejam abrir uma empresa “em família” está a elaboração de estratégias de negócios que abarquem a dimensão familiar e as necessidades dos membros participantes, como sucessão, necessidades de dividendos e estruturação fiscal na sucessão dos aspectos societários. Segundo a pesquisa “Empresa familiar: O desafio da governança”, somente 11% dos entrevistados disseram ter um plano de sucessão bem-estruturado e documentado. Por isso, desenvolver uma estratégia sucessória é fundamental, principalmente em longo prazo.
Para o início de um novo negócio também é necessário avaliar profundamente o mercado, incluindo os possíveis concorrentes, a localização do negócio e, se for uma franquia, verificar as experiências de outros franqueados e os desafios que eles enfrentaram ao longo do trabalho. Outro detalhe a ser observado é que o empreendedor deve estar alinhado ao modelo de negócio proposto, conhecendo as peculiaridades do segmento em que pretende atuar.
A escolha do regime tributário a ser seguido é um dos pontos que geram dúvidas. No caso de ser empresário individual, há a opção de se enquadrar como microempreendedor individual (MEI) ou fazer parte do regime do Simples Nacional. O MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Já o Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido destinado às microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP) com o intuito de unificar a apuração e o recolhimento de tributos. É preciso, então, pesquisar e entender qual regime a nova empresa deve adotar.
Inovar é a palavra-chave para um negócio ter o sucesso esperado. Oferecer um serviço diferenciado, com detalhes que surpreendam o cliente ou em um local que não é tão comum àquele tipo de lojas é um excelente começo para o novo empreendedor. A inovação pode trazer o melhor retorno para os investimentos e ampliar a participação do empresário no mercado.
No entanto, nem sempre decidir abrir uma empresa é sinal de que ela vai obter crescimento. Muitas delas são de propriedade familiar, operam em mercados desregulamentados e usam seu próprio capital para manter e expandir as suas atividades. Por isso, na maioria das vezes, elas enfrentam vários desafios para assegurar a continuidade de suas operações e promover uma expansão sustentável. Elas carecem, por exemplo, de estruturas adequadas de governança que lhes darão mais estabilidade legal e corporativa. Ter um panorama dos riscos e oportunidades do mercado, especialmente nas áreas legislativa, tributária e trabalhista, será fundamental para esse novo empresário.